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quinta-feira, março 05, 2009

A enciclopédia que você pediu a Jah – Parte 4


DUB
A psicodelia em versão reggae. O pai da criança foi Osbourne Ruddock, mais conhecido como King Tubby. Engenheiro de som de Duke Reid, ele comandava versões alternativas dos sucessos da casa, aumentando o volume de baixo e bateria e colocando efeitos especiais como ruídos e vozes. Mais tarde, a receita foi seguida e ampliada por Lee Perry – que aumentou sua potência psicodélica e viajante.

A princípio o dub era conhecido como “version” e ia direto para os lados “B” dos singles jamaicanos. Hoje é apreciado como prato principal. Existem artistas e discos essencialmente dedicados ao gênero – Dreadzone, Mad Professor – e o gênero já foi apontado como música do futuro. Em seu livro The Neuromancer, o escritor William Gibson descreve um futuro em que a ganja e o dub são largamente consumidos.

DUBE, Lucky
Ator de filmes de terror e cantor de música zulu, em 1985 este sul-africano mandou às favas a relativa fama que possuía e lançou Rastas Never Die, em busca do sonho de ser uma espécie de Peter Tosh do seu continente. O sucesso, porém, só ocorreu em 1989, com o CD Slave. As rádios locais, ainda impregnadas pelo apartheid, baniram as canções de Dube de sua programação, mas não impediram a ascensão do cantor.

Lucky tem um registro vocal que lembra muito o de Peter Tosh. Sua popularidade chegou até a Jamaica, onde ele estreou com sucesso em 1991. No Reggae Sunsplash daquele ano, encantou a massa – que, em êxtase, pediu bis, fato inédito na história do festival. É um dos artistas mais admirados pelos fãs de roots reggae, seja na África do Sul, Jamaica ou Brasil – onde tocou em 1996, no Ruffles Reggae.

DILLINGER
DJ rasta, estourou na Jamaica com “CD200” – uma homenagem à moto de sua preferência. Seu maior hit é o hino anti-drogas “Cocaine In My Brain”.

ELLIS, Alton
Um dos meninos de ouro de Duke Reid, rival de Coxsone Dodd nos sound systems, ele foi o grande ídolo da era do rock steady (pré-reggae). The king of rock steady soul, como era chamado, goza de enorme prestígio: o jornalista Roger Steffens, uma das maiores autoridades do mundo em reggae, diz que só Bob Marley está acima de Alton Ellis. Ele começou cantando calypso, tango e cha cha cha na dupla Alton & Eddie. Quando partiu para a carreira solo, iniciou o período do rock steady. A voz doce de Ellis embalou sucessos como “Ain’t That Lovin’ You” (mais tarde regravada por Dennis Brown), “Girl I’ve Got A Date” e “Black Man, White Man”. Com o declínio do rock steady, ele nunca mais recuperou sua popularidade, mas ainda brilha em festivais.

EEK-A-MOUSE
DJ jamaicano que viveu sua melhor fase nos anos 70 e levava a ladainha para o lado mais satírico. Como “Wa-Do-Dem”, um chaveco bem-sucedido.

ETHIOPIANS, The
Trio formado por Leonard “Sparrow” Dillon, Stephen Taylor e Aston Morris. Gravaram nos domínios de Coxsone Dodd, Duke Reid e tiveram como backing Peter Tosh e Bunny Wailer.

FRANKIE PAUL
Os jamaicanos chamam Frankie Paul de “Stevie Wonder da Jamaica”. Principalmente pelos vocais suaves e melodiosos (perto do alto padrão Motown) e pelo fato de o padrinho artístico de Paul ter sido o próprio Stevie Wonder. Quando visitou a Jamaica nos anos 70, o soulman americano engatou um dueto com seu pupilo numa escola para cegos mantida pelo Exército da Salvação. Frankie Paul iniciou a carreira musical em 1983 e trabalhou com os maiores produtores da ilha: Junjo Lawes (que produziu “Pass The Tu Sheng Peng”), Prince Jazzbo e Mad Professor.

GANJA
Maconha, na linguagem patois.

GOMES, Édson
Eis um exemplo vivo da conexão Jamaica-Bahia. Nascido em Cachoeira, a 110 quilômetros de Salvador, Édson é seguidor do roots reggae. Suas letras têm sempre mensagens de cunho social e religioso, falam em Babilônia e no deus Jah. O primeiro disco que lançou foi Reggae Resistência, em 1988. Na ativa até hoje, ele faz shows celebrados, a maioria no Nordeste, e seus discos têm vendagem considerável (coisa de mais de 100 mil cópias). Jah explica.

GERMAIN, Donovan
Produtor e dono do selo Penthouse. Germain iniciou sua carreira com Good Things Going (1981), álbum do cantor Sugar Minott que, incrivelmente, foi lançado aqui no Brasil. Hoje seu trabalho está intimamente ligado ao dancehall: Germain é padrinho artístico de Buju Banton e produz outros talentos do selo, como o cantor Wayne Wonder (soulman de voz adocicada).

GIBBS, Joe
Produtor, ajudou a moldar a cara do reggae nos anos 70. Entre seus contratados estavam Dennis Brown (a primeira versão de “Money In My Pocket”) e Peter Tosh (“Maga Dog”). Entrou em decadência nos anos 80.

GLADIATORS, The
Trio vocal jamaicano comandado pelo anasalado vocalista Albert Griffiths. Maior sucesso: “Look Is Deceiving”.

HALF PINT
Cantor de voz suave, identificado com a era do dancehall. Seu maior sucesso é “Greetings” (1986), emplacado com o produtor George Phang. O cantor também deu de lambuja uma canção para os Rolling Stones, fãs confessos da música jamaicana. Sua “Winsome” virou “Too Rude” no álbum Dirty Work (1986), do grupo inglês.

HAMMOND, Beres
Os espectadores do festival Sumfest de 1994 viram: Beres Hammond estava no palco, se derramando em paixão; soltava gracejos para a mulherada da platéia VIP e mandava um sorriso Colgate da melhor tradição do donjuanismo. De repente, um míssil voa da platéia: era uma calcinha vinda de fã mais ardorosa. Beres sorriu e mandou a menina pegar o presente no backstage.

Situações como essa fazem parte da rotina de Beres Hammond. Nascido em Anotto Bay, província de St. Mary, ele iniciou a carreira influenciado pelos trinados mágicos de Sam Cooke e Otis Redding. No ano de 1975, assumiu os vocais principais do grupo de reggae Zap Pow. Mas em 1976 já estava saltitando solo e gravando o disco Soul Reggae. A partir daí, o sucesso sorriu para Hammond.

Ele soltou “Putting Up Resistance”, clássico moderno no estilo “sou um jamaicano de fibra”; gravou ao lado de Maxi Priest (“How Can We Ease The Pain”) e, acima de tudo, conquistou o coração da mulherada em canções do tipo “She Loves Me Now” e “Tonight’s The Night” (de Rod Stewart).

HEPTONES, The
Grande trio vocal surgido na Jamaica em 1965. Formado por Leroy Sibbles, Earl Morgan e Barry Llewellen, The Heptones estouraram nas paradas com “Fatty Fatty”, uma ode às mulheres cheinhas. Anos mais tarde, devidamente convertidos ao ideal rastafari, emplacaram o clássico “Book Of Rules”, cacete bem mandado na condições sub-humanas em que vivem trabalhadores jamaicanos – o Inner Circle regravou esta canção depois.

Leroy Sibbles foi o primeiro a vislumbrar uma carreira-solo. Saltou da banda nos anos 70, migrou para os EUA, depois, para o Canadá, e hoje está de volta à Jamaica. Morgan e Llewellen reformaram os Heptones algumas vezes e ainda estão na ativa, misturando os clássicos de outrora com versões de Culture Club (“Do You Really Want To Hurt Me”).

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