Pesquisar este blog

quinta-feira, março 05, 2009

A enciclopédia que você pediu a Jah – Parte 8


MILLER, Jacob
O falecido cantor do Inner Circle construiu uma carreira solo de respeito, ao mesmo tempo em que transformava sua banda num dos bastiões do reggae jamaicano. Entre seus maiores sucessos estão “Shaky Girl” e “Fly Away”. Miller morreu em 1980, pouco depois de ter visitado o Brasil ao lado de Bob Marley. Ele tentava dirigir e chupar cana ao mesmo tempo (sério!) quando o carro que dirigia bateu num poste e o vocalista quebrou o pescoço. Depois da morte de Miller, o Inner nunca mais foi o mesmo.

MINOTT, Sugar
Cantor veterano, compositor, músico e produtor da Jamaica (seu nome verdadeiro é Lincoln Barrington Minott), Sugar tem sido um dos grandes destaques no crescimento do reggae em todo o mundo. Ele se envolveu com música ainda na adolescência, participando de sound systems locais. Logo depois fundou um só seu, o Black Roots.

Em 1966, uniu-se aos cantores Tony Tuff e Derrick Howard e fundou o grupo African Brothers. Na época, só fazia harmonias. O trio gravou para produtores como Coxsone Dodd, Ronny Burke e Ruppie Edwards. Alguns dos sucessos da época foram “Lead Us Father” e “Mistery Of Nature”. Sugar Minott se lançou em carreira solo no ano de 1974. Gravou alguns singles para o Studio One e foi parceiro de John Holt e Ken Boothe.

Sugar continuou a trabalhar com o Studio One até 1979, quando fundou seu próprio selo. Nessa época, adquiriu notoriedade internacional, excursionando pela Inglaterra e pelos EUA. O jeito suave de cantar já conferiu a Sugar o título de “criador do lovers rock” (os ingleses atribuem a ele a invenção do gênero). Principalmente depois do lançamento de Music For Roots Lovers.

Sugar não é apenas bom compositor, mas sabe se dar bem no repertório dos outros. Regravou “Walk On By” (de Burt Bacharach), “Never My Love” (do Association) e “Good Things Going” (do Jackson Five, que alcançou o segundo lugar na parada britânica). Ele também descobriu o grupo de reggae juvenil Musical Youth. O estouro do dancehall na década de 80 trouxe Sugar trabalhando com Sly & Robbie, Donovan Germain, Bobby Digital e Tappa Zukie. Em 1997, ele lançou três CDs pelo selo independente Hamma Records.

MOSES, Pablo
Pablo Henry nasceu em Manchester (a da Jamaica) e se tornou um conceituado artista nos anos 80, ainda que ignorado por boa parte do público. Ele iniciou carreira como um dos vocalistas dos Canaries, grupo que se desdobrava em shows de calouros e harmonias vocais para cantores do Studio One. Em 1975, inspirado no seriado de TV Kung-Fu, escreveu seu primeiro grande sucesso: “I Man A Grasshopper”, canção que contava a história de um ex-policial alcoólatra que decide virar cantor. Moses então estudou na Jamaica School Of Music e participou de um show de televisão muito popular na ilha. Ele se voltou definitivamente para o reggae em 1980, com o álbum A Song. Com participações do fino do chacundum jamaicano e inglês, o álbum é considerado um dos clássicos do reggae moderno. Pablo é figura constante em festivais dedicados ao gênero, mas nunca decolou como merecia.

MUNDELL, Hugh
O cantor jamaicano é conhecido pelo clássico “Africa Must Be Free”, belo protesto contra os desmandos do governo racista da África do Sul. Pena que Mundell não tenha vivido o suficiente para ver o país liberto da minoria branca. Ele morreu ainda nos anos 80, durante um tiroteio.

MURVIN, Junior
Espécie de “Curtis Mayfield” do período rastafari, ele entrou para a história em meados da década de 70 com um álbum genial, Police & Thieves. A faixa-título, relato dos conflitos entre a polícia e a galera de tranças, virou hino dos punks ingleses regravada pelo Clash. Murvin era um dos cantores prediletos de Bob Marley.

MUTABARUKA
Um dos mestres da poesia dub jamaicana. Mutabaruka se iniciou no reggae nos anos 80, pelo selo de Bob Marley (Tuff Gong). Seus shows são uma verdadeira celebração da crença rastafari. Com pés descalços, sem camisa e com uma mecha branca adornando as tranças, Muta – como é conhecido – entretém o povo contando histórias sobre racismo e recitando poemas, sempre acompanhado pelas melhores bandas da ilha. Ele também é dono de um restaurante e de uma descolada lojinha de CDs em Kingston, onde se pode comer a melhor I-Tal food e curtir os bambas do reggae da Jamaica, da África e da Europa. Além disso, comanda um talk show numa rádio jamaicana.

MELODIANS, The
O trio vocal é responsável por “Rivers Of Babylon”, da trilha de The Harder They Come, o filme que mostrou o reggae para o mundo. Eles surgiram nos anos 60 e gravaram com todos os grandes produtores da ilha – leia-se Duke Reid, Leslie Kong etc. Os Melodians também são autores de “Sweet Sensation”, canção coverizada pelo UB-40 em seu disco The Labour Of Love.

MORGAN, Derrick
Ele ficou conhecido – injustamente, diga-se – como o homem que NÃO descobriu Bob Marley. Derrick era um caça-talentos do selo de Leslie Kong e recusou o rei do reggae apenas porque ele faltou no dia da seleção. Morgan, porém, foi um dos destaques na ascensão do ska, tendo estourado a canção “Forward March”. Ainda hoje participa de festivais do gênero.

NAGAH
Termo pejorativo para negro.

NASH
Vagina, na linguagem patois.

NASH, JOHNNY
Ele seria apenas mais um cantor americano de soul music. Só que Johnny Nash, nascido no Texas em 1940, foi o primeiro astro a descobrir o potencial do reggae jamaicano. E nos anos 60 se mandou para a ilha, onde formou os selos Joda e Jada. Nash contratou Bob Marley como compositor (e graças ao rei do reggae encheu as tripas de dinheiro com “Stir It Up” e “Guava Jelly”) e emplacou o reggae na parada mainstream. “I Can See Clearly Now” foi primeirona nos charts americanos, em 1973.

NINJA MAN
O homem que trocou seus dentes podres por diamantes; o raivoso que incitava a massa com mensagens pacificistas como “Murder Them” ("Mateos”) e “My Weapon” (“Minha Arma”); o descontrolado que ameaçou pegar Shabba Ranks de porrada durante uma edição do Sunsplash (Shabba, morto de cagaço, desceu no local de helicóptero); o marginal preso às vésperas de um show no Sunsplash por envolvimento com tráfico de armas (fez um “show intimista” para o FBI). Tudo isso faz parte do passado. Ninja se converteu ao cristianismo e atende pelo nome de Brother Desmond. Uma mudança curiosa para quem sacudiu a Jamaica nos anos 90 com discursos pró-violência e atitudes pouco amistosas. Na parte musical, fica a lembrança de um dos DJs mais criativos da história. Ninja sabia mexer com ritmos eletrônicos (um de seus fãs é Marcos Suzano, fera brasileira da percussão) e um palavreado que deixava Buju, Pato e outros bantons comendo poeira.

OBEAH
“Ciência” tradicional africana, relacionada aos problemas do espírito, maldições e adivinhações.

OKOSUNS, Sonny
Ao lado de Majek Fashek, é um dos destaques do reggae produzido na Nigéria. Ex-roqueiro, o cantor se converteu ao reggae na década de 70 e até agora lançou 16 discos. Seu melhor trabalho é Black Star Line (1973), coletânea que apresenta Okosun cantando em inglês e na língua nigeriana ishan.

Nenhum comentário: