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quinta-feira, março 26, 2009

Jornalismo brasileiro perde Sebastião Reis


A morte do jornalista Sebastião Reis, 50, na madrugada desta terça-feira, pegou a todos de surpresa. De todos os cantos, amigos, parentes e conhecidos ligavam, incrédulos, para confirmar a notícia. Jornalistas, políticos, esportistas principalmente ligados ao futebol, com o qual o jornalista do EM TEMPO tinha mais que uma ligação amorosa, manifestaram seu pesar e sua dor pela perda de uma das pessoas mais queridas do jornalismo brasileiro.

O jornalista Sebastião Reis, 50, foi encontrado morto, ontem pela manhã, dentro de seu apartamento de número 304, localizado no 3º andar do bloco “B” no condomínio São José do Rio Negro, em Adrianópolis, Zona Centro-Sul. De acordo com o laudo expedido pelo Instituto Médico Legal (IML), a morte foi provocada por infarto fulminante.

O corpo do jornalista, um dos editores executivos do EM TEMPO e editor de A TARDE, foi localizado pelo motorista, Caio, que havia ido ao local, por volta das 8h, buscá-lo para levá-lo à redação. De acordo com Caio, antes de ir ao apartamento, ele ligou diversas vezes para o celular de Reis, mas não obteve retorno. Ao chegar à residência, bateu na porta repetidamente sem obter resposta.

Caio suspeitou que algo estava errado e resolveu arrombar a porta da cozinha e verificar o que havia ocorrido. Quando entrou, foi em direção ao quarto que estava trancado, mas pôde ver, por uma fresta da porta, o corpo do jornalista sob a cama. Ele ligou para a polícia.

Policiais militares da 16ª Companhia Interativa Comunitária (16ª Cicom) foram ao local e arrombaram a porta do quarto. Sebastião Reis estava morto. Conforme informou o comandante da 16ª Cicom, major Heriberto Corrêa, não foi constatado no local e nem no corpo do jornalista qualquer indício de violência, mesmo porque Sebastião estava trancado em seu quarto.

Enquanto aguardavam a chegada dos funcionários do Instituto Médico Legal (IML) parentes, amigos e jornalistas pareciam não acreditar na perda de uma das pessoas mais queridas do jornalismo brasileiro. A irmã do jornalista, Rosângela Reis, muito consternada e em meio às lágrimas, disse que a morte do irmão foi recebida pela família como um susto muito grande. “Tudo ocorreu de uma forma inesperada. A perda de um irmão é uma dor muito grande. O Sebastião era uma pessoa muito querida. Brincalhão. E acima de tudo um irmão exemplar”, frisou.

Amigos prestam homenagem

Durante a tarde e a noite de ontem, amigos e colegas de trabalho compareceram ao velório do jornalista Sebastião Reis, realizado na funerária Almir Neves, na avenida Joaquim Nabuco, Centro. Estiveram presentes na ocasião prefeitos do interior do Amazonas, deputados, secretários estaduais e municipais além de jornalistas para dar adeus ao amigo.

O espaço ficou pequeno para as dezenas de coroas de flores que chegavam, enviados por autoridades, empresas, amigos e meios de comunicação por onde Reis, como era chamado pelos colegas, trilhou sua trajetória.

O fotografo Raimundo Valentim foi um dos que lamentaram a morte do amigo. “Há dez anos vim de São Paulo a convite do Reis para trabalhar em Manaus. O projeto era de ficarmos por dois anos, mas não voltamos mais. Ele era uma pessoa maravilhosa. Tudo que tinha fazia questão de dividir”, afirmou o amigo. Sebastião Reis também foi ponto principal na vida dos jovens repórteres. “Trabalhei com ele assim que voltou a Manaus. E ele tinha consigo a inovação, além disso, ele tinha o prazer em ser repórter e passava esse sentimento para gente”, ressaltou a jornalista Lúcia Carla.

A jornalista Natália Freire começou sua carreira sob a orientação de Reis. “Ele foi meu chefe no meu primeiro emprego. Sou suspeita de falar porque ele é meu guru, uma referência. Mas, o que conforta é saber que ele está bem. Ele sempre dizia que uma dia ia voltar para o lado do Pai, e agora é a hora. Ele era muito espiritualizado”, falou emocionada. Um “Eu te amo e amarei para sempre”, escrito no livro de assinaturas das pessoas que estiveram presentes, destacou-se entre outras mensagens de carinho, amizade, admiração e agora, saudade.

Últimos compromissos

Ao EM TEMPO o motorista do jornalista, Caio, disse que um dos últimos compromissos ao qual Reis compareceu foi a uma reunião, na tarde de segunda-feira, com a deputada federal Rebeca Garcia (PP), para a qual ele prestava assessoria. Segundo informou Caio, o encontrou terminou por volta das 17h. Em seguida ele o levou de volta ao apartamento. “Ele esteve conversando comigo até às 17h e depois saiu dizendo que iria fazer uma visita a um amigo”, relembrou Rebeca.

O amigo de Reis, o também jornalista Robson Carvalho, disse que depois de ter se encontrado com a deputada ele tinha um encontro marcado com o empresário Francisco Garcia. “Nós deveríamos nos encontrar com ele (Garcia) às 17h30. Eu fiquei de ligar para o Reis, e o fiz várias vezes até às 19h, mas ele não mais me atendeu”, disse o amigo.

Ainda na noite de segunda-feira, Caio foi ao apartamento para buscar Reis que deveria retornar à redação do EM TEMPO, mas ele já não atendeu aos chamados à porta e nem às ligações feitas ao seu celular.

(publicado no EM TEMPO, nesta quarta-feira, dia 25 de março)

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