Pesquisar este blog

quarta-feira, março 04, 2009

Para você entender o metal melódico


Como assim melódico? Heavy metal não é aquele gênero em que só se grita e se faz barulho nos instrumentos? Quem tem um mínimo de conhecimento musical sabe que não, que entre aqueles cabeludos com cara de malvado e suas guitarras distorcidas há bandas que primam por melodias fortes em suas canções, não importa o quão pesado seja o som.

O heavy metal (a expressão, inventada pelo escritor americano William Burroughs, foi associada ao rock depois de incluída na letra de "Born To Be Wild", que fala de um "trovão do metal pesado", o som de motocicletas) surgiu das escalas pentatônicas típicas do blues, tocadas por guitarristas como Jimmy Page, do Led Zeppelin, e Jimi Hendrix. Depois, outros nomes incorporaram ao estilo outros tipos de formação musical.

"Meu artista favorito é Johann Sebastian Bach", não se cansa de dizer o guitarrista Ritchie Blackmore, do ex-Deep Purple. Principalmente no Rainbow, banda que formou após sair do Purple pela primeira vez, Blackmore foi um dos pioneiros da influência da música erudita no rock pesado. O Queen, com os vocais e o piano de Freddie Mercury e o toque erudito de canções como "Bohemian Rapsody", também ajudou a pavimentar o caminho. Logo surgiu uma corrente - que hoje vive mais uma grande onda de popularidade, principalmente na Europa, no Japão e no Brasil - de guitarristas fãs dos compositores barrocos Vivaldi e Haendel e cantores com voz operística que enchem de matizes melódicos um gênero musical visualmente marcado pelo negro das roupas.

IRON MAIDEN

Piece Of Mind (1983) EMI

Depois de um começo repleto de metal mais puro, no quinto disco - o segundo com o cantor Bruce Dickinson, que substituiu o ex-skinhead Paul Di´Anno e ajudou o quinteto a atingir o mega-estrelato -, os mestres do heavy inglês encontraram a perfeita liga de melodia e peso. Canções como "Flight Of Icarus", "Where Eagles Dare" e "Revelations" começavam a ensinar ao mundo que metal também se cantava, e que havia vida inteligente após The Number Of The Beast. Ao lado deste e do álbum seguinte, Powerslave, Piece Of Mind é a estrela da trilogia em que o baixista Steve Harris detona suas melhores composições.


HELLOWEEN

Keeper Of The Seven Keys, Part 1 (1985) RCA

A banda que melhor reflete o metal melódico atingia o auge de sua melhor formação com este clássico. O guitarrista Kai Hansen (que mais tarde deixaria a banda para formar o ótimo Gamma Ray), que no início também cantava, forma um duo infernal com Michael Weikath, enquanto Markus Grosskopf (baixo) e Ingo Schwichenburg (bateria, depois falecido) seguram a onda para os vocais inspirados de Michael Kiske, estreando no Hello-ween. Pelo menos duas músicas, "Twilight Of The Gods" e "Halloween", são clássicos do heavy metal.


YNGWIE MALMSTEEN

Yngwie Malmsteen´s Rising Force (1984) PolyGram

Aos 19 anos, o astro sueco - após passar pelo Alcatrazz - abria a palhetadas seu lugar no panteão dos grandes guitarristas. O disco é quase todo instrumental, e é nas seis cordas que residem irresistíveis melodias, insistentemente comparadas com o trabalho de compositores como Paganini e Bach. Quando são necessários vocais, Jeff Scott Soto - o primeiro de uma longa série - dá conta do recado, com louvor. O disco seguinte, Marching Out, também é clássico, mas o virtuosismo jamais deixou Yngwie repetir a performance de sua estréia como artista solo.


RAINBOW

Rainbow Rising (1976) Polydor

Após uma bela estréia com Ritchie Blackmore's Rainbow, mais direcionado ao hard rock, o ex-guitarrista do Deep Purple solta todo o Johann Sebastian Bach que tem dentro de si em encontro ao vozeirão de Ronnie James Dio, à época já experiente com os anos no grupo Elf, de rock com inspiração blueseira. Apenas seis faixas - um alívio em comparação com CDs de hoje em dia, que se sentem obrigados a ocupar oitenta minutos sem ter muito o que dizer -, todas clássicas, pavimentam o caminho para o metal melódico que surgiria.


KING DIAMOND

Them (1988) Roadrunner

O homem das mil vozes, um ex-jogador de futebol que até hoje se divide entre o quinteto dinamarquês Mercyful Fate e a carreira solo - já veio ao Brasil para shows seguidos com as duas bandas, no festival Monsters Of Rock -, não poderia ficar de fora de uma antologia de metal melódico. Em mais um disco conceitual, a respeito de uma casa mal-assombrada e uma família de defuntos que tomam chá, King mostra tudo o que sabe com o auxílio de uma banda em que brilham o guitarrista Andy La Rocque e o baterista Mikkey Dee, que pouco tempo depois passaria a integrar o Motörhead.


MANOWAR

Into Glory Ride (1983) Geffen

Tudo bem, os caras se fantasiam de guerreiros vikings - como se um visual ridículo não fosse absolutamente corriqueiro no mundo do show-business -, mas é difícil achar, no mundo do metal, um cantor com a competência de Eric Adams e composições fortes como as do baixista Joey DeMayo, com a eventual parceria do guitarrista Ross The Boss, ex-Dictators. As melodias de canções com temas medievais ou mitológicos, como "Secret Of Steel", "March For Revenge" e "Gates Of Valhala", são de chorar, de tão belas.


DIO

Holy Diver (1983) WEA

Após brilhar no Rainbow e no Black Sabbath, o cantor baixote Ronnie James Dio saiu para formar sua própria banda e descobriu o ótimo guitarrista irlandês Vivian Campbell, que depois passou pelo Whitesnake e acabou no Def Leppard. Na época um moleque de 20 anos, Vivian ajudou a transformar o disco em um clássico, com canções como "Rainbow In The Dark" e a faixa-título. Após militar no blues rock, no hard rock e no metal tradicional, Ronnie descobria sua verdadeira cara. O Dio foi uma das primeiras bandas de metal a colocar bons teclados, puxados para o clássico, em muitas de suas canções.


FATES WARNING

Awaken The Guardian (1987) Metal Blade

O terceiro disco da banda americana que começou como pastiche do Iron Maiden - e último registro com o cantor John Arch, cuja lembrança até hoje provoca lágrimas de sudades nos dedicados fãs da banda - é exatamente aquele em que o quarteto encontra seu ápice. Nunca mais o grupo viajaria tão bem em temas ficcionais (de canções como "Fata Morgana" e "Valley Of The Dolls") e no talento de seus músicos. Com a saída de Arch e a entrada de Ray Alder - causada por um mal-entendido entre cantor e banda -, o Fates Warning passou a ser apenas mais um bom grupo de rock pesado.


VIPER

Theatre Of Fate (1989) Rock Brigade

Cheio de influências clássicas, o último disco do cantor André Matos (que depois sairia com a desculpa de estudar para se tornar maestro e fundaria o Angra) em sua banda original mostra como o Brasil estava antenado com o estilo, ainda de fraldas na década de 80. As guitarras de Yves Passarel e Felipe Machado são afiadas como sempre e as melodias emocionam, em canções como "A Cry From The Edge", "To Live Again" e "Living For The Night". A qualidade precária da gravação só dá mais charme ao disco.


SAVATAGE

Hall Of The Mountain King (1987) WEA

Antes que o metal tradicional dos primeiros discos entrasse em uma crise criativa, o quarteto americano enveredou pelo mundo das historinhas medievais. Os irmão Criss (guitarrista, que depois morreu em um acidente de carro) e Jon Oliva (teclados e voz) destilam grandes canções, no melhor momento da banda que apenas recentemente - como um sexteto e com poucos músicos em comum com os daquela época - voltou a lançar bons discos. O clipe da faixa-título, uma his-torinha medieval povoada por anões e figuras esquisitas, é uma obra-prima de fidelidade ao metal.

Se ficou interessado em baixar essas preciosidades, corra para o Pirate Bay que - se depender da indústria fonográfica - está com seus dias contados. Mas enquanto as autoridades suecas não se manifestarem em definitivo, o negócio é ir pirateando e enchendo o butim com as pepitas da velha era. É isso aí!

Um comentário:

Anônimo disse...

Post para todos os pagodeiros e sertanejos universitarios q falam merda de heavy metal (y)