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terça-feira, fevereiro 16, 2010

Pérola roubada do Buteco do Edu


Os compositores, cronistas e boêmios Moacyr Luz e Aldir Blanc

(...) Deixo com vocês, expostas no balcão do BUTECO, a gravação do choro BOLA PRETA, de Jacob do Bandolim, e a sensacional letra (póstuma) escrita pelo gênio Aldir Blanc. Taí o primeiro desafio (e sacrifício!) do Carnaval: tente cantar a letra encaixando nota por nota, que o Aldir não é mole! Bom Carnaval a todos. Profundamente emocionado, me despeço. Até! (EDUARDO GOLDENBERG)



Miudinho da Penha a Xerém
eu sei onde tem...
Um balanço de vem-ou-não-vem
no bonde ou no trem.
Socialaite beijou Zé-Ninguém:
nenhum nhém-nhém-nhém.
Chupeta, meu bem, pro neném...

Um inglês que trocou por Roskoff
o tal Big Ben,
o glamour de João Valentão
no Rio:
olha o cabra-da-peste,
deixa estar,
pintando o sete,
beliscou a Elizeth
e foi beber no Tangará!

Malícia e Inocência moram lá.
São gêmeas e só querem namorar.
A Banda do Sodré
desabrocha e faz lembrar
o flamboiã em flor de Paquetá.
- mas, ai, meu Deus que saudade que dá...

Já são 10 horas da manhã
de sábado e o Bola vai passar.
Passou e não passou,
foi pra Lapa mas ficou.
O Bola Preta sabe eternizar.
- Eu sou de lá...

Mas tem um risco Brasil de mulhé
com a tal cana-caiana e café
e bota fé que o Bola chegou
não tem Zé-Mané!
Colombina dá bola pra mim
que ando assim-assim
- Sou meio Pierrô e Arlequim.

Tô na máquina do velho Wells
descida dos Céus,
um Balzac soltando no mundo
traque bom de pelica.
Tô no Bola,
a dica é de cuíca,
tão feliz a gente fica,
paquerei Carminha Rica
e fui beber no Bar Luiz.

Demorô,
oi, Iaiá, ai, Ioiô,
eu tô que tô
ou tu fica ou não fica...
A mulher ideal
é a Neuma, a Zica, a Surica
- ai, cumé qui eu vô fazê? Hein?

Duvidô,
de-ó-dó,
chororô, ô,
se encrencou,
o segredo é viver.
Pro Bola Preta
eu vou de muleta
e sinto a caceta
rejuvenescer.

Vem Caymmi,
Noel, Lamartine, Ari, Bororó,
Ademilde também, o Orestes,
Sinhô, Donga, Jota Efegê
- Ai, o Tatu subiu no Pau!
Da Saúde, da Vila, do Estácio e de Madureira,
na uca, a Tijuca também quis comparecer,
pagou pra ver porque

eu vou sambar
no Bola, meu cordão,
o sangue e o coração
com Pato Rebolão, Porrete
e outros bambas sem par...
o Bola Preta, preta, é meu segundo lar
e é lá que eu quero
me curar.

Os Democráticos e os Fenianos
são pau-a-pau.
A Vivinha mamava na minha:
ensaio geral.
Trinca-Espinha virou K-veirinha
- Hoje é Carnaval!
Não chora, meu bem:
é norrrrmal!

Preto e Branco, as cores do time:
feijão bom de sal.
Na moral, a moçada não quer
o teste da farinha.
Quem apaga e perde a linha
- amor com amor se paga –
liga pra Zezé Gonzaga
e vai beber no Nacional.

Vou pro Bola, já.
Tô ainda lá...
Eu vou me esbaldar
pra eternizar,
pra eternizar,
pra eternizar..."


(Abaixo, a gravação na voz de Aldir Blanc e Jayminho Vignoli!)

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