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quinta-feira, julho 22, 2010

Roberto Freire e o famoso pernil do Bar do Armando

Janeiro de 1989. Candidato a presidente do Brasil pelo PPS, o deputado federal Roberto Freire foi convidado pelos comunistas da cidade para conhecer a Banda Independente Confraria do Armando (Bica), que tinha como tema naquele ano “A Lenda do Boto-Tucuxi”.

A marchinha ironizava a derrota de Gilberto Mestrinho e Josué Filho para Artur Neto e Felix Valois, ocorrida na eleição para prefeito do ano anterior.

Os compositores Guto Rodrigues e Celito Chavez fizeram uma marchinha carnavalesca em homenagem ao candidato e foram buscá-lo no aeroporto, chegando ao Bar do Armando em passeata.

Roberto Freire ficou encantado com a fuzarca dos “biqueiros” e conversou animadamente com membros do primeiro escalão do prefeito Artur Neto, entre os quais o secretário de Finanças Serafim Corrêa, a secretária de Assuntos Comunitários Magela Andrade e a secretária particular do prefeito Artur Neto, a saudosa Fátima “Fafá” Andrade.

Ex-membro do grupo Good Boys, Toninho do Sax fez várias exibições musicais para Roberto Freire, que estava em estado de graça.

Foi quando Celito Chaves resolveu apresentar ao candidato comunista o tira-gosto que fez a fama do boteco: o fabuloso pernil de leitão que só o Armando sabe a receita.

Um pratarraz no capricho foi colocado na mesa da diretoria.

Cheio da truaca e com uma fome de anteontem, Celito começou a detonar impiedosamente as iscas de pernil.

Quando ele se preparava para colocar um novo naco na boca, sua esposa, a arquiteta Heloísa Chaves, deu um grito:

– Não faça isso, Celito! Olha bem o que você está fazendo...

Celito parou com a isca a meio palmo da boca, examinou melhor e percebeu que não era um pedaço de leitão, mas um band-aid já usado no formato de anel.

Puto da vida, ele exigiu a presença do português na mesa aos gritos:

– Português imundo, vem cá ver essa merda que você fez!

Sem saber do que se tratava, Armando se aproximou da mesa e, de repente, seu rosto se iluminou:

– Meu anelzinho! Vocês encontraram meu anelzinho!

Antes que Celito abrisse a boca para iniciar sua espinafração, o português já havia apanhado o band-aid, recolocado em cima de uma ferida pustulenta que trazia no dedo anelar da mão esquerda e ido embora cuidar da vida.

O deputado Roberto Freire saiu do bar convencido de que é esse tempero que faz o pernil do Armando ser um autêntico manjar dos deuses.

Um comentário:

Sérgio Jr. disse...

Pô, Simão, a Amazonas Film Commission tinha que convidar aquele gourmet careca do "Bizarre Foods" que traça pratos típicos como tripas, miolos e vermes cozidos pra uma degustação no Armando!