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terça-feira, junho 21, 2011

Aula 37 do Curso Intensivo de Rock: Janis Joplin


Considerada a alma gêmea musical de Jim Morrison (o cantor tentou obrigá-la a fazer sexo oral nele, na frente de todo mundo, durante uma festa muito louca na sua mansão, o que lhe valeu o ódio eterno da cantora), Janis Joplin também está de volta.

E o melhor é que a animalidade e o desregramento da eterna musa do rock retornaram em dose quíntupla.

Em 1999, a Sony Music lançou no mercado a caixa “Box Of Pearls – The Janis Joplin Collection”, pacote que reúne cinco CDs com canções que a pequena notável gravou entre 1966 e 1971.

Viva fosse, Janis Joplin estaria uma sessentona.

Dificilmente teria condições físicas para emitir sequer um grunhido parecido com aqueles que esbanjava em 1966.

Há quem a defina como a primeira cantora branca de blues dos anos 60, mas ela foi um pouco mais que isso.

Foi uma das mais potentes cantoras de rock de todos os tempos, a mais vulnerável e poderosa ao mesmo tempo.


Janis Joplin nasceu em Port Arthur, no Texas, em 19 de janeiro de 1943, e morreu em Hollywood, Califórnia, em 4 de outubro de 1970.

Deixou apenas os seguintes discos: “Big Brother And the Holding Company” (1966), “Cheap Thrills” (1968), “I Got Dem Ol’ Kozmic Blues Again Mama!” (1969) e “Pearl” (1970).

Os quatro estão no pacote, além de uma novidade, “Rare Pearls”, feito com duas sobras de estúdio e três faixas ao vivo.

As pérolas raras desse disco póstumo são fruto das maravilhas da era tecnológica.

Reconstruída, a sobra de estúdio “It’s A Deal” mostra-se arrebatadora, um mimo psicodélico (e, diga-se, totalmente stoniana).

Já “Easy Once You Know How” é cheia das suas brincadeiras de idas e vindas entre o blues e o rock, com guitarras assombrosamente audíveis.

A vida atabalhoada e os problemas com drogas e álcool puseram Janis Joplin fora de combate.

Nascida em uma família de classe média alta, Joplin desenvolveu desde a adolescência um gosto por blues e folk music, mas também por poesia e pintura.

Ela saiu de casa aos 17 anos e peregrinou por bares de Houston e Austin, no Texas, para levantar dinheiro e financiar uma viagem para a Califórnia.

Em 1965, ela cantava folk e blues em bares de São Francisco e Venice Beach, na Califórnia.

Em 1966, voltou a Austin para cantar numa banda de country, mas um empresário a convenceu a montar uma banda.


Assim, Janis Joplin se juntou à mitológica Big Brother and the Holding Company.

Eles fecharam o Monterey Pop Festival, em 1967, e passaram a ser empresariados por Albert Grossman.

Janis tornava-se uma estrela do rock.

O primeiro disco foi gravado com a banda, assim como o cultuado “Cheap Thrills”, de 1968.

Esse álbum é um crossover de símbolos contraculturais, a começar pela capa, que foi desenhada pelo papa do quadrinho underground, Robert Crumb.

Crumb fez o trabalho mais por dinheiro, porque nunca gostou de rock, segundo conta. Sempre preferiu big bands.

“Cheap Thrills” vendeu mais de um milhão de cópias em sua época e impulsionou Janis para o Olimpo do rock, a bordo de uma versão matadora de “Summertime”.

A nova edição de “Cheap Thrills” vem com quatro faixas-bônus: “Roadblock”, “Flower Ind The Sun”, “Catch Me Daddy” e “Magic Love” (as duas primeiras de estúdio e as duas últimas ao vivo).

Mas, um ano depois, Janis abandonou o Big Brother – ela aparece, embora sem crédito, em algumas faixas do disco do grupo de 1971, “Be A Brother”.

Com ela, saiu o guitarrista Sam Andrew, com o qual formou a Kozmic Blues Band.


“I Got Dem Ol’ Kozmic Blues Again Mama!” foi o disco que iniciou o vôo solitário de Janis Joplin.

E a Kozmic Blues é a banda que acompanha Janis no primeiro e realmente relevante Festival de Woodstock, além de ter excursionado com a cantora pela Europa.

No álbum, ela gravou o clássico “Maybe”, muito mais bluesy que em qualquer outra versão.

O pacote da Sony traz ainda três faixas-bônus nesse relançamento: “Dear Landlord”, “Summertime” (ao vivo) e “Piece Of My Heart”.

Ao mesmo tempo em que freqüentava os programas mais populares da televisão, como o Ed Sullivan Show, Janis Joplin embrenhava-se no mundo das drogas.

A heroína foi a sua ruína.

Com os trabalhos para a gravação de “Pearl” (“Pérola”, que era também seu apelido), parecia que ela estava saindo do fundo do poço.

Estava noiva e em grande atividade.

Mas, em 4 de outubro, seu corpo foi encontrado num quarto do Landmark Hotel, em Hollywood, vítima de uma overdose acidental de heroína.


Seu disco saiu postumamente e trazia um dos maiores hits de sua carreira, “Me And Bobby McGee”, que homenageava sua paixão, Kris Kristofferson.

Há uma faixa instrumental, “Buried Alive In The Blues”, que era para ter os vocais – Janis não viveu para completar a gravação.

A produção das faixas originais foi de Paul Rothchild.

Sua reedição pela Sony Music traz quatro faixas-bônus: “Tell Mama”, “Little Girl Blue”, “Try (Just A Little Bit Harder)”, ao vivo, e “Cry Baby”.

Inúmeros artistas já contaram a história de Janis Joplin, incluindo até sua irmã, a psicanalista Laura Joplin.

Ela viveu pouco, viveu intensamente e deixou boas recordações.

Boa parte delas está reunida nesse pacote preciosista, fruto de uma era de consumo privilegiado e pouco tempo para reflexão.

Essas “versões expandidas” são o contra-ataque da indústria fonográfica às chamadas bootlegs, as caixas-piratas que já são conhecidas dos fãs há longo tempo.

Músicos e bandas como Santana, Stevie Ray Vaughan and Double Trouble e The Byrds já tiveram suas caixas editadas.

Há vantagens indiscutíveis.


Na caixa de Janis Joplin, por exemplo, as suas gravações antológicas vêm com o trabalho de arte dos discos originais e outros cuidados, como novos textos e comentários de críticos e fotos nunca publicadas.

Janes Joplin foi cremada no cemitério Parque Memorial de Westwood Village, na cidade de Westwood, Califórnia, e suas cinzas foram espalhadas no Oceano Pacífico.

O filme “The Rose”, com Bette Midler no papel de Janis, foi baseado em sua história.

A cantora é hoje lembrada por sua voz forte e marcante, bastante distante das influências folk mais comuns em sua época, e também pelos temas de dor e perda que escolhia para suas músicas.

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