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segunda-feira, junho 13, 2011

Aula 46 do Curso Intensivo de Rock: Kiss e BTO


Mas, em se tratando de rock, saber das coisas é sempre muito, muito relativo.

Nem a mãe, uma húngara sobrevivente de um campo de concentração nazista, nem o pai, um carpinteiro, poderiam imaginar o que o futuro reservaria para seu filho, nascido na cidade de Haifa, em Israel, em 1949.

Tampouco o próprio moleque, Chaim Witz, caso não tivesse ido ao show de uns malucos maquiados em Nova York.

A partir daquela apresentação, ele forjou o conceito que o colocou como um dos maiores rockstars de todos os tempos à frente do Kiss.

O início de tudo deu-se quando sua mãe se divorciou e seguiu com o garoto de nove anos para os Estados Unidos.

Lá, Chaim – rebatizado como Gene Klein – passou a adolescência mergulhando de cabeça em histórias em quadrinhos, desenhos animados, filmes de terror, ficção científica e demais fantasias que fascinavam os teens da época.

Mais tarde, ele confessaria que aprendeu inglês vendo toda espécie de animação que passava na TV e no cinema.

Sua predileção era pelo desenho “Pinóquio”, de Walt Disney, em especial pelo personagem Grilo Falante, que cantava a canção “When You Wish Upon A Star”.

Segundo Gene, aquela letra havia sido feita para ele (principalmente o verso “Quando se deseja para uma estrela, todos seus sonhos se tornam reais”).

Não à toa, depois de famoso, Gene regravaria a música em seu único álbum-solo, lançado em 1978.

Depois de ver os Beatles se apresentando na TV em 1964, no programa Ed Sullivan Show, interessou-se pela guitarra.

Em 1967, estava participando de bandas semiprofissionais da periferia de Nova York.

Ao mesmo tempo, formou-se professor de línguas e começou a lecionar na parte espanhola do bairro negro do Harlem.

Seus métodos eram poucos ortodoxos: ensinava inglês aos seus alunos usando como material didático os gibis do Homem-Aranha (“eles não estavam nem aí para leituras, mas adoravam quadrinhos”).


Em 1970, ele decidiu que iria tocar baixo e colocou um anúncio no jornal Village Voice procurando músicos para formar uma banda de rock.

Um dos candidatos a membro da banda era Stanley Eisen, um jovem de 18 anos do subúrbio de Queens, que Gene rejeitou em duas oportunidades por não achá-lo “muito convincente”.

Mas voltou atrás após ver a performance de Stanley com sua banda, Uncle Joe.

Juntos, montaram um grupo chamado Rainbow, que depois se transformou em Wicked Lester, também de duração efêmera.

As duas bandas ainda primavam pelo preciosismo dos outros músicos convidados, algo que Gene abominava, pois queria fazer uma formação de rock pesado e básico, influenciada pela estética das histórias em quadrinhos.

Ele e Stanley então tiveram a idéia de montar a formação que viria a ser o Kiss.

Por meio de um anúncio na revista Rollin Stone, no qual um baterista “com 11 anos de experiência” se oferecia “disposto a tocar de tudo”, eles entraram em contato com Peter Crisscoula e começaram a ensaiar o trio.

No dia 29 de maio de 1972, Gene e Stanley foram assistir a um show dos New York Dolls, no hotel Diplomat, em Manhattan.

O que viram foi um bando de travestis tresloucados e maquiados tocando rock’n’roll com uma energia inaudita para a época.

Ambos pensaram que aquele seria um bom (ou mau) exemplo a ser seguido.

Assim sendo resolveram armar uma imagem única.

A primeira providência foi mudar seus nomes para Gene Simmons e Paul Stanley e reduzir o do baterista para Peter Cris.

Em seguida, incorporaram o guitarrista-solo Paul “Ace” Frehley.

Também acharam adequado esconder os rostos do quarteto sob maquiagem pesada, complementada por roupas estilizadas em preto e prateado, mais botas imensas com saltos plataforma.


Paul Stanley, com uma estrela no olho, era o Dr. Love, o beijo em pessoa.

Ace Frehley, um viajante interplanetário meio maluco que caiu de uma região ignota do hiper-espaço.

Gene Simmons, uma mistura de samurai com conde Drácula e já mostrando a famosa lingüinha aumentada (dizem) alguns centímetros à base de silicone, era o próprio Demônio.

Peter Criss fixou-se numa versão high-tech e meio andrógina da descolada Mulher-Gato.

Escolhidas as “personas” de cada um para a maquiagem, assinaram contrato com Bill Aucoin, do selo Casablanca, em 1973.

A explosão aconteceu na passagem do ano novo de 73/74, quando abriram o show do Blue Oyster Cult, na Academia de Música de Nova Iorque, e a platéia, alucinada, não queria deixá-los sair de cena (exatamente um ano depois, era a vez do Blue Oyster Cult abrir para o Kiss).

O Kiss foi um dos primeiros grupos de heavy metal a utilizar o background dos grupos progressivos para fazer de suas apresentações um verdadeiro espetáculo de luzes e cores, com tanques no palco dando tiros de laser, cascatas de fogos de artifícios e outros efeitos pirotécnicos.

Durante as apresentações, Gene Simmons engolia fogo e cuspia sangue, a bateria levitava, havia projeções de slides surrealistas num telão, guitarras se incendiavam, Ace Frehley voava sobre a platéia e por aí afora.

Em pouco tempo, o Kiss tornou-se uma verdadeira indústria de entretenimento, vendendo diversos produtos com a marca do conjunto.

A banda conquistou hordas de fãs pelo mundo todo com um exército de símbolos: sua maquiagem exuberante, a língua descomunal de Gene Simmons, as roupas negras e performáticas, o estilo meio história em quadrinhos.


Mas foi também por uma associação nunca confirmada com o satanismo – há quem diga que o nome da banda, Kiss, seriam as iniciais de “Kids In Satan Service” (ou “garotos a serviço de Satã”).

A banda sempre negou esses rumores.

Os adolescentes americanos ficaram tão deslumbrados, que fundaram o “Kiss Army”, o “Exército do Kiss”, um fã-clube internacional que chegou a ter mais de cem mil associados.

Em 1975, o álbum duplo “Alive!” foi gravado, já trazendo o onipresente hit “Rock And Roll All Nite” – que fecha praticamente todas as apresentações da banda.

Em 1976, outro megahit, “Destroyer”, feito sob a orientação do produtor de Alice Cooper, Bob Ezrin, mesmerizou milhares de “headbangers”.

Outro grande sucesso, a balada orquestrada “Beth”, que tem o baterista Criss nos vocais, levou a Marvel Comics a publicar uma história em quadrinhos sobre o Kiss, o que consideram uma de suas maiores glórias.

O grupo tornou-se uma espécie de símbolo dos anos 70.


Em outubro de 1978, começaram os discos-solo dos integrantes da banda.

Em 1980, começou a derrocada: Peter Criss saiu, sendo substituído por Eric Carr, que se vestia como uma raposa bêbada.

Frehley, que costuma entornar garrafas e garrafas de uísque, tornou-se um problema e foi substituido por Vinnie Vincent, uma reencarnação do faráo Akhenaton e sua inseparável cruz ansata.

Em 1982, o grupo tentava livrar-se do apelo teatral e tirava as máscaras pintadas.

Vincent também deixou o grupo e foi substituído por Mark St. John, que sofria de uma doença rara.

Em 1985, veio Bruce Kulick, que permaneceu por uma década na guitarra.


O Kiss não levou sorte naqueles anos: em 1991, o baterista Eric Carr morreu de câncer, aos 41 anos. Foi substituído por Eric Singer.

Quando esteve no Brasil, em 1994, sem sua maquiagem original, o grupo foi apenas atração coadjuvante num festival que tinha Black Sabbath e Suicidal Tendencies como atrações principais.

Quatro anos depois, o grupo resolveu investir numa megaturnê com as pinturas brancas na cara e com a formação original.

Resultado: estádios cheios pelo mundo todo para a nova e psicótica turnê.

O grupo voltou ao topo: tornou-se capa da Playboy americana de março de 1999 – calma, a Playboy não trocou por quatro marmanjos de pernas finas sua ancestral predileção por Mariel Hemingway.

Os quatro veteranos do Kiss estavam superbem acompanhados na revista, com dezenas de playmates que, segundo Gene Simmons, estavam usando na hora das fotos apenas “nossa maquiagem e algum perfume”.

Mais que seus 24 discos, a performance pirotécnica do Kiss é um dos reais motivos da longevidade da banda.

Quase uma dezena de substituições depois, e após sua música ser revisitada por artistas como Lenny Kravitz, eles resolveram retomar o fio da meada, agora já quase cinqüentões.


Em 1997, fizeram um disco acústico que lhes deu novo fôlego.

Singer e Kulick saíram do grupo para o retorno de Frehley e Criss. Estava refeito o elo.

No começo de 1999, eles foram indicados para um Grammy de melhor performance de hard rock.

Perderam para a dupla Robert Page e Jimmy Plant, mas mostraram que ainda estavam na parada.

Também lançaram um filme, “Detroit Rock City”, que conta a história de quatro rapazes que queriam entrar num show do Kiss, lá pelos idos de 1976.

A turnê “Psycho Circus”, que não tem hora para acabar, é simplesmente um megashow, turbinado pela mais cara tecnologia de ponta.

O palco tem mil metros quadrados e a parafernália eletrônica é transportada por dois Boeings.

Gene Simmons flutua e cospe sangue, Paul Stanley anda de teleférico sobre o público, Ace Frehley atira com a guitarra e Peter Criss levita com a bateria em meio à fumaça.

Ou seja, é como assistir o filme “King Kong”, mas remasterizado com tecnologia digital e som dolby surround.

Simplesmente imperdível.


O Bachman-Turner Overdrive foi formado no Canadá, em 1972, por Randy Bachman (nascido em 27 de setembro de 1943 em Winnipeg), vocalista e guitarrista vindo do Guess Who (de “American Woman”, “No Time”, “These Eyes”), que depois de lançar um disco solo intitulado “Axe” em 1970, se viu impossibilitado de criar uma banda (devido a uma doença que contraiu) com o líder do The Nice, o tecladista Keith Emerson (que posteriormente, junto com Greg Lake e Carl Palmer, formou o Emerson, Lake & Palmer), e decidiu unir forças com seu irmão, o baterista Robbie, com o vocalista, tecladista e guitarra Chad Allan e o baixista e vocalista C. F. “Fred” Turner, para continuar sua trajetória como Brave Belt.

Como Brave Belt, gravaram dois discos pela Reprise entre 1971 e 1972, bons álbuns que misturavam pop, rock e country.

Quando Chad Allan decidiu deixar a banda devido ao pouco êxito comercial dos discos, foi substituído pelo guitarrista Tim Bachman, irmão de Randy e Robbie.

Foi quando mudaram o nome da banda para Bachman-Turner Overdrive, nome derivado da união de seus sobrenomes com a paixão por automóveis, em especial caminhões, pois “Overdrive” era o nome de uma revista de caminhões.

A nova banda, com um som mais bem definido do que no inicio como Brave Belt, firmou um contrato com a Mercury Records e lançou o disco homônimo “Bachman-Turner Overdrive”, em 1973, um enérgico e subestimado trabalho que passou despercebido nas lojas, apesar da qualidade de seus singles “Gimme Your Money Please” e “Blue Collar”, ambas compostas por C. F. Turner.


No mesmo ano, lançaram também “Bachman-Turner Overdrive II”, um ótimo LP, que enfim os consagraram como uma das melhores bandas de hard rock do planeta, êxito confirmado com seus excelentes shows e com o triunfo comercial de seus singles, clássicos da banda, como “Let It Ride” e “Takin’ Care Of Business”.

Cansado do ritmo de shows, o guitarra-base Tim Bachman deixa o BTO para se dedicar a produção.

O encarregado de suprir o trabalho nas seis cordas seria Blair Thornton, que apareceria nos créditos do trabalho mais memorável do BTO, “Not Fragile” (1974), um magistral disco que chegou ao nº 1 nos EUA, mesmo feito de um de seus mais conhecidos clássicos, “You Ain’t Seen Nothin’ Yet”.

Típico álbum para se ouvir até queimar o vinil, o disco continha também sons com instrumentos e vocais fortes como “Rock Is My Life, And This In My Song”, “Sledgehammer”, o vibrante instrumental-tributo a Duane Allman “Free Wheelin’”, e o single “Roll On Down The Highway”, que chegou ao 4º lugar nas paradas americanas.

Diante do êxito da banda, sua antiga gravadora (Reprise) aproveitou para lançar no mercado o disco “As Brave Belt” (1975), que simplesmente era cópia de seu segundo álbum como Brave Belt.


“Four Wheel Drive” (1975) foi o quarto grande disco oficial do BTO.

Era um trabalho estiloso, porém inferior se comparado ao disco anterior, mas ainda assim continha grandes clássicos, como “Hey You”, “Quick Change Artist” e “Four Wheel Drive”.

“Head On” (1975) e “Freeways” (1977) foram dois discos sem muitas surpresas e também foram os últimos em que participou Randy Bachman, antes de deixar a banda para formar o Iron Horse junto com Tom Sparks e Chris Leighton.

Apesar de o Bachman-Turner Overdrive ter perdido a sua alma, a banda prossegiu, reduzindo definitivamente seu nome para as siglas B.T.O.

Jim Clench substitui Randy e o B.T.O. gravou alguns álbuns sem muita repercussão como “Street Action” (1978) e “Rock N’ Roll Nights” (1979).

Em 1980, o B.T.O. deixaria de existir.


Randy lançaria vários discos solo, antes de voltar de novo com a banda, em meados dos anos 80, agora composta por Randy, Tim, C. F. Turner e o ex-batera do Guess Who, Garry Peterson, quando gravaram o bom “Bachman-Turner Overdrive” (1984).

O batera Robbie Bachman, por sua vez, com o nome B.T.O., começou a tocar pelos EUA, o que ocasionou brigas com seu irmão.

Posteriormente, solucionados os problemas e unificada a banda, Randy voltou a deixar a banda para prosseguir sua carreira solo, sendo substituído por Randy Murray, que continua a tocar com seus companheiros até os dias de hoje.

3 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro amigo! gostaria de corrigi-lo, Ace Frehley nunca voou sobre a plateia, qume atravessava do palco principal até um mini palco no meio da plateia num cabo éra o Paul Stanley, e Gene Simmons nunca engoliu fogo, ele cuspia fogo e cospe aínda, oque voava das mãos de Ace Frehley era sua guitara gibson de 3 captadores, valeu!

Anônimo disse...

ba amigo se vc curtisse mesmo kiss saberia disso

Anônimo disse...

Caro amigo a segunda foto que você postou sobre a banda Bachman Turner Overdrive esta errada se tatra da banda The Guess Who.

Abraço.