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quarta-feira, agosto 31, 2011

Reflexos dos bailes no Parque do Ingá


A Ciranda Tradicional abriu o 15º Festival das Cirandas na sexta-feira, 26, com um atraso de 90 minutos.

É que o ônibus dos jurados “pifou” nas imediações do Lago do Ubin e eles só puderam chegar ao Parque do Ingá por volta das 23h.

Os cirandeiros, que deviam começar sua apresentação às 21h30, devem ter ficado apreensivos com a espera.

Resultado: a ciranda não mostrou a mesma garra dos dois anos anteriores, quando havia conquistado o bi-campeonato, e fez uma apresentação apenas razoável.


Até mesmo a gloriosa TOT (Torcida Organizada Tradicional), que estava em busca do hexacampeonato, acabou não rendendo o esperado e deixou o título de “melhor torcida” escapar por entre os dedos para a Flor Matizada.

O tema proposto pela ciranda (mostrar os contrastes de Manacapuru) era bastante interessante e fazia parte da “Trilogia Cabocla” que já havia rendido dois títulos aos simpáticos brincantes do bairro Terra Preta.

Parecia uma fórmula batida, mas é batendo o bolo que se costuma render.


O enredo abordava o casamento da meiga Maria de Jesus com o endiabrado Luiz Cão (avôs do vice-prefeito Messias Furtado), a história do galo encantado da dona Cléia que colocava ovos dourados, a Visagem que puxava carroça noite e dia, relembrava as fogosas damas da noite Maria Bacu e Chica Taracuá, apresentava o hilariante seu Bocais, que vivia se lamentado que ao invés de comprar um motor desconfiava de que havia comprado um submarino (o barco dele vivia afundando), a mulher loura que se transformava em porca nas noites de sexta-feira, até chegar ao time Princesa do Solimões, que tem como símbolo o marítimo tubarão em vez das nossa fluviais piraíba ou pirarara, ou, tudo bem, um boto tucuxi.


O apresentador Vivaldo Azevedo (aka “Teacher”), incoporando um matuto contador de causos, deu um show a parte e salvou a noite.

O mesmo pode ser dito da “Tocata de Ouro”, que não deixou a peteca cair em nenhum momento.


Os cantadores Bruno e Marlon também mostraram seus dotes vocais, arrancando aplausos até dos torcedores rivais.


O requebrado das cirandeiras da Tradicional (Deus, o requebrado das cirandeiras da Tradicional!) mostrou mais uma vez porque a caçulinha das cirandas é considerada a mais hardcore das três: no trançadinho, no bailado corrido e no dorsal carpado, não tem pra ninguém.

Elas deitam e rolam, pintam e bordam.

As alegorias, apesar do belo acabamento, não estavam muito convincentes e deixaram uma impressão meio “déjà vu” na plateia.

Eram muito previsíveis.

Aparentemente, sobrou forma e faltou conteúdo.

Os efeitos de luzes também ficaram meio rebarbativos.


Em compensação, a Porta Cores Yana Monteiro e a Cirandeira Bela Brígida Matos estavam simplesmente deslumbrantes.

Em linhas gerais, a Tradicional ficou aquém de suas possibilidades e amargou um terceiro lugar.

Meu amigo Papão deve estar de cabeça quente até agora, mas faz parte do jogo.


A Flor Matizada abriu a segunda noite, no Palco do Ingá, pontualmente às 21h30 de sábado.

O cordão de entrada entrou num ritmo tão eletrizante, que pegou meio mundo desprevenido.

A ciranda estava mostrando a chegada e o estabelecimento dos índios Mura na região, iniciando o aldeamento daquela que é hoje a cidade de Manacapuru.

O tema proposto pela ciranda era contar a história do município da época colonial até os dias de hoje.


O enredo mostrou o ciclo da juta, as festas religiosas mais tradicionais (incluindo a centenária festa de Santo Antônio da Terra Preta) e trouxe de volta vários personagens típicos da ciranda original, como seu Manelinho, Caboclo Pescador, Mãe Preta, o estabanado Caçador e o histriônico pássaro Carão.

Também não foram esquecidas as primeiras turmas organizadas do município (Máfia, Pop e Fap), antigas boates (Mocambo, Velha Guarda, Galop), os principais blocos carnavalescos (Sapo da Madrugada, Bloco da Maisena) e o mais autêntico folião da Princesinha, José Alberto Dias da Luz, o popular “Tartaruga”.

O ex-vereador Modesto Alexandre, maior compositor de marchinhas carnavalescas do município, também foi homenageado.


No quesito mulheres bonitas e saradas, o dérriere das cirandeiras da Flor Matizada (Deus, o derriére das cirandeiras da Flor Matizada!) já são uma instituição local.

Dessa vez, elas abusaram na coreografia sincronizada e na plasticidade da indumentária.

Foi uma apresentação impecável, de tirar o fôlego, do começo ao fim.


O apresentador Ivan Oliveira e os cantadores Paulo Filho (aka “Bebezinho”) e Erinho mostraram a mesma competência de sempre.

A Orquestra Matizada também estava tinindo nos cascos.

O que faltou para a Flor Matizada ser campeã?

Um melhor acabamento nas alegorias.


Ao contrário da Tradicional, a Matizada apostou tudo no conteúdo e deixou de lado a forma.

Havia alegorias que não deveriam sequer entrar na arena de tão mal resolvidas.

A pira olímpica, por exemplo, que tinha um efeito de luzes maravilhoso, ficou parecendo uma pirâmide maia abandonada às pressas pela metade por causa de alguma profecia celestina.


Em compensação, a Porta Cores Paula Vasconcelos e a Cirandeira Bela Vanessa Simplício também estavam simplesmente deslumbrantes.


Era impossível olhar pras uma das duas sem colocar “quebranto”.

Mas o ponto alto da Flor Matizada foi a homenagem às professoras que, nos anos 80 e 90, introduziram a brincadeira no município: Fátima Fernandes Barreto (Flor Matizada), Terezinha Vieira Fernandes (Ciranda Tradicional) e Wanderleia Nogueira (Guerreiros Mura).

As três educadoras estavam ali, ao vivo e a cores, conferindo o nível de espetáculo cênico em que se transformaram aquela simples brincadeira de alunos.


Foi realmente emocionante, apesar das alegorias que representavam as três escolas não passar de lixo a ser reciclado.

A emoção que contagiou o Parque do Ingá não livrou, é claro, a Flor Matizada de ficar em 2º lugar na disputa.


A ciranda Guerreiros Mura encerrou a terceira noite do festival no domingo, entrando na arena, pontualmente, às 21h30.

Foi a noite em que o Parque do Ingá recebeu o maior número de pessoas, quase todos de Manacapuru, já que a maior parte dos visitantes havia ido embora cedo para suportar o martírio que é o retorno de balsa em Iranduba.

O tema proposto pela ciranda era contar a fuga dos hebreus do Egito, sob o comando de Moisés, em busca da Terra Prometida.


Em mais uma inovação, os cirandeiros do bairro da Liberdade resolveram acrescentar elementos teatrais na ciranda para ver em que ia dar.

Deu em mais um título.


Contando uma história quase linear, que ia do nascimento de Moisés (o parto na arena foi incrivelmente realista!) até o recebimento dos Dez Mandamentos já no Monte Sinai, passando pelas dez pragas, pela travessia do mar Vermelho e pelos milagres no deserto, a ciranda Guerreiros Muras caprichou no acabamento das alegorias e fantasias, transformando o Parque do Ingá em um luxuoso palácio egípcio.

Pra sacanear, o cordão principal, ricamente ornamentado, entrou na arena sob a cirandada “Eu sou pitiú”, o apelido politicamente incorreto dado aos brincantes da Liberdade pelas outras cirandas para acentuar sua origem humilde.


Quem via aquelas meninas lindíssimas, de uma alegria contagiante, cantando a pleno pulmões a cirandada-desabafo, se lembrava automaticamente daquele dito espirituoso do carnavalesco Joãosinho Trinta de que “quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta mesmo é de luxo”.

Um tapa na cara da concorrência, mas com luvas de pelica. Ducarálio!


Com exceção do apresentador Klinger Araújo, que andou tartamudeando algumas vezes por problemas decorrentes do “ponto” eletrônico, os demais itens individuais da ciranda esbanjaram categoria e competência.


A Porta Cores Sabrina Salles (sublime!), a Cirandeira Bela Vallisnéria Segadilha (um desbunde!) e o cantador Gamaniel Pinheiro deram um show de bola.


A Tocata Mura parecia uma orquestra sinfônica comandada pelo maestro Isaac Karabtchevsky.

Some-se a isso o bailado frenético das cirandeiras Mura (Deus, o bailado frenético das cirandeiras Mura!) e aí temos a fórmula mágica para conquistar o nono título da agremiação (contra cinco da Flor Matizada e três da Tradicional).


Os jurados, com certeza, premiaram a ciranda que teve a coragem de pegar um tema bíblico conhecido por todos e transformá-lo em um enredo que em nenhum momento soou profano.

Ao fugir da temática amazônica e assuntos correlatos, a Guerreiros Mura começou a gerar um novo ovo da serpente, abrindo um leque quase infinito de possibilidades temáticas.

Agora já se sabe que a criatividade anda de mãos dadas com a originalidade e nada é estranho ao mundo das cirandas.


Onde isso vai dar só o futuro poderá dizer.

Mas com certeza o Festival de Cirandas de Manacapuru nunca mais será o mesmo.

Apesar de torcedor da Flor Matizada, curvo-me a realidade dos fatos: a ciranda Guerreiros Mura foi bem melhor e mereceu o título.


Um salve pra nação guerreira!

Valeu, cachorrões!

Parabéns, Renato e Cley!

No próximo ano tem de novo. Fui.


NOTA DO EDITOR DO MOCÓ:

Para conferir maiores detalhes daquelas três noites mágicas, clique aqui.

Os critérios de julgamento do Festival de Cirandas de Manacapuru


Dona Delfina Aziz, mãe do governador Omar Aziz, Mariazinha e Elimar Cunha, no Parque do Ingá

Este ano, o 15º Festival de Cirandas de Manacapuru passou a ser organizado pela Liga Independente de Cirandas, que tem como presidente Elimar Cunha, atual presidente da Associação do Grupo Especial de Escolas de Samba de Manaus (AGEESMA).

“A Liga vai unificar o trabalho e fortalecer a cultura cirandeira do município”, diz o presidente da Guerreiros Muras, Renato Teles.

Até o ano passado, as cirandas concorriam em 10 itens, sendo quatro individuais e seis coletivos:

ITENS INDIVIDUAIS


Porta Cores – Nome da cirandeira que sustenta o estandarte, onde se destacam os símbolos referentes ao tema e as cores da ciranda.


Cirandeira Bela – Nome da cirandeira mais bonita da ciranda, personagem que representa a dança e a beleza dos cirandeiros de Manacapuru.

Cantador – O vocalista que tem a responsabilidade de cantar e interpretar as cirandadas criadas para a apresentação.

Apresentador – É uma espécie de Mestre de Cerimônias que apresenta a ciranda ao público e aos jurados. De acordo com o tema desenvolvido, o apresentador encarna alguma personagem para dar mais originalidade ao espetáculo.

ITENS COLETIVOS


Cordão de Cirandeiros – É o item mais importante da Ciranda. A responsabilidade pela apresentação, entretanto, recai não só sobre os cirandeiros, mas também sobre os artistas de indumentária e coreógrafos, exigindo sincronismo dentro e fora da arena, desde a concepção até a execução.

Cordão de Entrada – É o primeiro cordão de cirandeiros a dançar na arena, em que prenuncia o espetáculo que está por vir, com fantasias e coreografias específicas. Formado pelos cirandeiros mais experientes de cada agremiação, o Cordão de Entrada tem grande participação no contexto do espetáculo.

Tocada ou Tocata da Ciranda – É o nome do conjunto musical que fornece o referencial rítmico ao espetáculo. Formado por músicos selecionados especialmente para o evento, eles traduzem a harmonia necessária para o ritmo inconfundível das cirandadas.


Alegorias – São elementos cenográficos espetaculares que se agigantam, principalmente quando passam a fazer parte do show. Algumas estruturas alegóricas se movimentam ganhando vida através das mãos dos artistas, evoluindo juntamente com todo o conjunto folclórico. Essas estruturas chegam a medir 20 metros de altura e são concebidas de acordo com a temática abordada.

Fantasias de Destaques – Confeccionadas com materiais sintéticos, as fantasias dão uma movimentação e um colorido especial ao espetáculo. Elas são elaboradas para compor o conjunto folclórico na arena dentro do contexto geral, mas não fazem parte dos cordões de cirandeiros.

Cirandada (letra e música) – A cirandada é a base do espetáculo. Retrata a partitura musical com a qual todos os elementos da grande peça teatral se desenvolvem. A riqueza da poesia e seu conteúdo, a beleza da melodia e seus arranjos, sua interatividade com o cordão e com a torcida, tudo precisa estar na mais perfeita harmonia.

Este ano, foram acrescentados mais quatro itens coletivos: evolução, sincronismo, adereços e conjunto.

Pelas novas regras, foram escolhidos 12 jurados: Maria Helena Araújo, Helen Silva, Cherry lane, Jeanne Chaves, Carmem Lúcia, Laura Renata, João Gustavo Kienen, Claúdio Saraiva, Lenadro Lima, Luiz Giron Vargas, Beethoven Cabrinha e Pablo Vargas.

Os jurados foram divididos em dois grupos de seis, posicionados nos setores A e B da arena.

Cada jurado julgaria sete itens, dando notas de cinco a 10, podendo fraccioná-la em décimos.

Na apuração no Parque do Ingá, seriam sorteadas para apuração as notas de três jurados do setor A e três jurados do setor B.

As demais seriam descartadas.

Na apuração, seriam descartadas a nota maior e a nota menor de cada item.

A soma das notas finais daria o resultado obtido por cada escola.

Na apuração deste ano, a Guerreiros Mura obteve 139,0 pontos, a Flor Matizada, 137,0 e Tradicional, 136,7.

sexta-feira, agosto 26, 2011

Ciranda Tradicional abre o 15º Festival de Cirandas de Manacapuru


Celeiro de mulheres bonitas e considerada a mais hardcore das cirandas do município, a Ciranda Tradicional abre o 15º Festival de Cirandas de Manacapuru nessa sexta-feira, a partir das 21h, no Parque do Ingá, apresentando o enredo “Urupacanam – Uma Ciranda do Avesso Cantada em Verso e Prosa”.

“Urupacanam”, claro, é a palavara “Manacapuru” ao contrário.

A vibrante ciranda do bairro Terra Preta vai fazer um protesto bem-humorado contra a excessiva modernização das cirandas rivais, que estão transformando o “verdadeiro espírito cirandeiro” em mero apêndice de enredos cada vez mais sofisticados.

Nos bastidores da Ciranda Tradicional circulou, inclusive, a história de que ela voltaria a apresentar a morte e o renascimento do pássaro Carão, tal como acontecia na pioneira brincadeira em Tefé, no início do século passado.

Os dirigentes da agremiação não confirmaram a informação.

De concreto, mesmo, sabe-se que a ciranda vai homenagear alguns moradores ilustres do município que sempre apoiaram a brincadeira e relembrar um dos casamentos mais badalados da cidade: o da doce Maria de Jesus com o estabanado Luiz Cão.

Luiz Cão ganhou esse apelido porque era um boêmio da pá virada e virava o cão chupando manga quando enchia a cabeça de truaca.

A simpática Maria de Jesus era uma católica fervorosa e temente a Deus, conhecida por sua abnegação social, simpatia e gentileza.

Ela chegou a ser conhecida como “mãe dos pobres”, numa época em que a assistência social ainda não havia sido inventada.

Os dois casaram, foram felizes e deixaram no município uma dinastia nobre, divididas igualitariamente entre anjos e capirotos.

O vice-prefeito Messias Furtado e o jornalista Aristides Furtado, de A Crítica, são netos do casal.

Pela sua simpatia contagiante, Messias pode ser considerado um anjo.

Pela competência com que investiga suas matérias, Aristides é considerado um verdadeiro capiroto pelos ladrões de dinheiro público.

Dona da torcida mais vibrante de Manacapuru (campeã absoluta do item “melhor torcida” há seis anos), a Ciranda Tradicional possui as cores vermelho, branco e dourado e é presidida por Filadelfo Pacheco.

Ela vai entrar na arena do Parque do Ingá com 20 pares no Cordão de Entrada e 60 pares no Cordão Tradicional.

Seus principais destaques são Brígida Matos (Cirandeira Bela), Yana Monteiro (Porta Cores), Vivaldo Azevedo (apresentador) e Bruno Souza e Marlon Silva (cantadores).

Entre orquestra, pessoal de apoio e figurantes, cerca de 200 pessoas deverão participar da apresentação.

Este ano, as músicas da Ciranda Tradicional estão sendo consideradas as mais bonitas do festival.

Apesar de ser torcedor fervoroso da Flor Matizada, vou estar hoje na fila do gargarejo.

O Cordão de Entrada da Ciranda Tradicional tem, seguramente, as duas cirandeiras mais bonitas do município.

Se uma delas me reconhecer na arquibancada e sorrir, já ganhei a noite.

quinta-feira, agosto 25, 2011

Guia das Cervejas Vagabundas

Malta


"Abre Uma" é o seu slogan, conselho que você não deve seguir nem sob tortura soviética. Mais fétida que cabelo rastafári, lembra Cebion com caldo de Viviane Araújo Knorr. Tão lastimável que se fosse a única bebida alcoólica do mundo, imediatamente eu iria para o AA: “Oi, meu nome é Raphael, é minha 6ª passagem por aqui. Pretendo me livrar do álcool e, dependendo da mensalidade da Univer$al, virar evangélico."

Bavaria Clássica


Já vão longe os tempos em que Zezé, Chitão e outros sertanejos cantavam seus jingles na TV. Hoje a pobre Bavaria não tem nem site - foi relegada à prateleira de baixo dos supermercados, geralmente em latinhas amassadas. Ela não tem o chulé nem o gosto exagerado de álcool presente nas outras low-cost. Seu problema está no gás, que é estranhamente ardido. Fora isso, beleza. É uma Skol fabricada no Afeganistão.

Rio Claro


A fábrica é em Rocha Sobrinho, distrito do município de Mesquita-RJ. É uma cerveja inofensiva, e isso não é um elogio. Se estiver bem gelada, até te passa a perna num primeiro momento. Basta a temperatura subir 0,5ºC para o desespero começar. Sem "punch" nenhum, tem gosto de gelo derretido em copo de uísque paraguaio. Também conhecido como gosto de água suja. É saída para fazer quantidade em churrasco, e servida após várias rodadas de cervejas boas.

Samba


Achei que o nome se justificaria no dia seguinte, pela chance de acordar com a bateria da Vai-Vai alojada na cabeça. Mas não é que ela é razoável no quesito harmonia? Vai bem também no fantasia, pois o selo protetor não gruda na lata. No quesito conjunto, vale quanto custa (R$ 0,89). No quesito porta bandeira, jogue a bandeira fora e enfia o mastro no cu. Perde pontos em evolução, já que é produzida pela Conti. Mas se tratando de vagabundas, a Samba é muito melhor que qualquer musa do Funk.

Frevo


Puta que pariu. Diretamente do Recife, essa pôrra tem gosto de sarampo líquido misturado com hemodiálise. A cada três goles, uma lágrima escorre do olho esquerdo. A essa altura, o direito já está cego. Nem para Tubarão que quiser harmonizar um suculento surfista com algo líquido é recomendada. Ótima para apagar churrasqueira.

Mãe Preta


É melhor tomar no rabo. Na teoria é tipo Stout, na prática é Caracu misturada com a diarréica Malzbier. Sua rançosa espuma te premia com um bigode à la baixinho da Kaiser, que "pegou" a Karina Bacchi, que por sua vez, "ficou" (por 20 mil) com o Cristiano Ronaldo. Pelo gosto e nome, Mãe Preta deveria ser a cerveja oficial da macumba: harmoniza com o charuto do Pai de Santo e é ideal pra embebedar a galinha do despacho.

Cintra


Tem em todos os puteiros da Dutra. Pense no desespero. Agora imagine que ele é uma cerveja. Eis a Cintra, apelidada pela nossa equipe de "Skol from hell". No copo, ela apresenta mais bolhas que água tônica e um dourado pálido e pouco convidativo. O colarinho lembra espuma suja de garapa. Mostrou alto grau de "empapuçamento", prejudicando o restante da noite de degustação, já que ao tomar você desenvolve uma momentânea aversão a alcoól.

Crystal


O nome engana. Seguindo a estelionatária tendência das latinhas mais finas, a Crystal deixa um gosto na boca que lembra demais um Guaraná Diet genérico, acompanhado de dobradinha com arroz doce. Para "ajudar", a cola do selinho gruda na lata e deixa vestígios de alumínio e cola. O 1º gole é horrível. A 1ª lata é difícil de tomar. Mas, depois de ficar meio bêbado, com certo esforço dá para pensar que é Brahma guardada aberta de um dia para o outro sob a churrasqueira.

Conti


Os míseros 92 centavos pagos numa lata de Conti saem caro. A breja disputa em pé de igualdade com a Cintra o título de "Skol from Hell", ou seja, cerveja com gostinho de Álcool Zulu que vai bater no seu fígado com raiva. Antes disso, ela assusta pelo cheiro e pela aparência quase sem espuma e sem bolhas. Recomendada apenas para os mais fortes (e aos suicidas).

Belco Sem Álcool


Ótima para mulheres com TPM. Esse atentado ao bom senso ficou por último por um nobre motivo: foi a única cerveja que não conseguimos tomar uma lata inteira. Ela é doce de um jeito bizarro e vira espuma de shampoo para lavar cachorro quando entra em contato com a língua. E, claro, nem para te deixar bêbado serve. É a pior cerveja já feita. Lembra também água de bateria.


NOTA DO EDITOR DO MOCÓ

Segundo o mestre cervejeiro Ari de Castro Filho, que me enviou estas pérolas, ficaram faltando as fantásticas Kaiser, Skol (com sal e limão, claro!) e Xixicariol.

Hoje tem música eletrônica no Festival de Cirandas de Manacapuru


A agitação musical do 15º Festival de Cirandas de Manacapuru começa nesta quinta-feira, a partir das 21h, na Praça da Cohab-Am, em frente ao galpão da ciranda Flor Matizada, com a “Festa dos Visitantes”.

O evento será realizado em uma Tenda Eletrônica com a presença dos DJs Kabeça, Luiz Style e Julinho Macintosh, cujos sets contemplam os gêneros house, trance e hardcore, respectivamente.

A festa eletrônica só vai acabar quando o último clubber for embora.


sexta-feira, a muvuca se transfere para o estacionamento do Terminal Rodoviário, onde já foi armado um palco gigantesco.

Logo após a apresentação da Ciranda Tradicional, acontecem os shows das bandas Swing Novo, Meu Xodó e Rapina, a nova banda de Falcão, ex-vocalista da banda Guig Ghetto.


No sábado, após a apresentação da Ciranda Flor Matizada, ocorrem os shows das bandas Swing Novo, JR e banda, e Forró do Muído, uma banda de forró eletrônico formada pelas irmãs Simone e Simaria, ambas, respectivamente, ex-backing vocals de Frank Aguiar e Naldinho.

A banda tem vários sucessos como “Menininha”, “São Amores”, “Cuidado”, “Eu Choro”, “Você Vacilou”, “Mente Tão Bem” e “Flashback”.


No domingo, após a apresentação da Ciranda Guerreiros Mura, acontece os shows das bandas Swing Novo, Tsunami do Forró e LevaNóiz.

Formada há cerca de três anos, a banda baiana LevaNóiz ganhou destaque com a música “Liga da Justiça”, lançada no início deste ano.

A letra da música conta a estória dos personagens da Super Liga, além de inspirar a performance do grupo nas apresentações, além de ter permitido a visibilidade nacional da banda.

Outros dois grandes sucessos da Leva Nóiz são os hits “Pancadinha” e “Pranchinha”.


O prefeito Angelus Figueira, com o apoio da Secretaria Estadual de Segurança, armou um grande esquema de segurança para tranquilizar o divertimento dos visitantes.

As apresentações das cirandas no Parque do Ingá começam, impreterivelmente, às 21h.

terça-feira, agosto 23, 2011

Alguns apontamentos sobre o UFC Old School amazonense


A partir dos anos 80, dezenas de academias de artes marciais começaram a surgir em Manaus e com elas as primeiras gangues organizadas.

Diferente dos pit-boys de hoje, que costumam atacar suas vítimas indefesas sempre em bando, as gangues de antanho tinham, digamos assim, uma ética mais elaborada.

Havia brigas por espaços territoriais, mas as disputas eram no mano a mano, um contra um, utilizando exclusivamente os punhos e os pés, como no UFC ou no M-1.

O sujeito que estivesse apanhando também podia pedir para parar – e era atendido! – sem que o mundo desabasse sobre sua cabeça.

Duas gangues de adolescentes fizeram história naqueles tempos românticos.


A turma de natação do Olímpico Clube, apelidada de “Peixes”, era comandada por Kaco Caminha e tinha como referência a boate Starship, localizada na avenida Constantino Nery quase no canto com a Leonardo Malcher, nas proximidades da antiga sede do Olímpico, mas sua área de influência se estendia até a Praça da Saudade.

Eles eram representantes típicos da geração saúde: não bebiam, não fumavam e nem cheiravam.

Entre seus principais membros estavam Bidida, Gula, Mistral, Botinho, Kaola, Nego, Antônio Flávio e Ulisses Motomaq.

Eles treinavam judô, jiu-jítsu, karatê e kung fu.


A Polícia Organizada na Praça (aka “Pop”) era comandada por De Ouro, se reunia na Praça do Congresso e tinha como referência a boate Crocodilo’s, na rua Marcílio Dias, no centro velho da cidade.

Eles eram representantes típicos da geração da pá virada: bebiam, fumavam e cheiravam.

Entre seus principais membros estavam Willard Oliveira (aka “Careca”), Brecha, Val, Raimundão, Ernani Piau, Afonsinho (irmão do atual desembargador Flávio Pascarelli), Exu, Dodô (aka “Bicho do Mato”), Raí Maraca, Arlindo Angola, Eder, Celso Gioia, Pixilinga, Ricardo Bilha e Edir.

Eles treinavam judô, jiu-jítsu, capoeira e boxe tailandês.


Nascido Hideraldo da Mata, De Ouro era um caboco baixinho (1,60 cm) e entroncado, que virava o cão chupando manga quando entrava numa briga.

Versado em artes marciais adaptadas para brigas de rua, ele chegou a morar seis meses no Rio de Janeiro para treinar jiu-jítsu com Renzo Gracie, de quem havia se tornado amigo.

Além de ser habilidoso nas lutas no chão, De Ouro também era bom na trocação em pé: seu murro tinha a potência de um coice de mula e seus chutes eram nitroglicerina pura.

O famoso apelido ele recebeu de sua avó materna assim que nasceu (“Esse aqui é um menino de ouro”) e na sua curta existência fez jus ao mesmo.

Quando o conheci, ele já tinha um currículo cascudo e suas históricas brigas rivalizavam com as atribuídas ao lendário Otinha.


Não sei o que ele viu em mim, que nunca fui uma pessoa violenta, mas nos tornamos amigos de infância desde o primeiro dia em que fui apresentado a ele pelo homeboy Zé Cury.

Sempre que me via bebendo no Bar do Armando, De Ouro fazia questão de ir lá me cumprimentar e papear um pouco.

Eu perguntava pela veracidade de suas façanhas, mas ele se limitava a rir discretamente.

Nunca confirmou nem negou nenhuma delas.

– Isso é lenda, poeta, isso é lenda. O povo é que inventa essas coisas a meu respeito. Eu não passo de um pacato cidadão! – ironizava.

Mas dava pra perceber que ele metia um pavor exagerado nos transeuntes quando se sentava na minha mesa.

O cabra era pedra-noventa.


De todas as brigas em que se metera, De Ouro havia empatado apenas uma: contra Pedro Lobo (aka “Lobinho”), irmão do advogado Aníbal Lobo.

Durante quase uma hora os dois se pegaram pra valer em frente da boate Crocodilo’s.

Quem assistiu a briga, diz que De Ouro não finalizou Lobinho porque estava muito bêbado.

Mas também reconhecem que Lobinho era mesmo um osso duro de roer.

Apesar dos insistentes convites de De Ouro, Lobinho nunca lhe deu uma segunda chance pra ver quem era o melhor lutador dos dois.

Eram tempos românticos, pois não.

As brigas entre as turmas dos Peixes e da Pop, como era de se esperar, acabaram tendo um desfecho trágico.


Um dia, por volta das 17h, três “peixes” encurralaram De Ouro em frente da autopeças BB, nas proximidades do Boulevard Amazonas.

Irmão caçula de De Ouro, Dodô quebrou uma garrafa de refrigerante no asfalto e saiu em defesa do irmão.

Até aquele dia, nenhuma briga entre as duas gangues envolvia o uso de objetos cortantes ou perfurantes.

Dodô talvez não soubesse disso.

O certo é que ele enfiou o gargalo da garrafa em cima do peito de Mistral.

– Porra, Dodô, você me matou! – avisou o nadador, antes de cair no chão, agonizando.

Mistral morreu antes de receber os primeiros socorros.


Aquela morte estúpida se transformou no principal mote dos jornais para detonar as duas gangues organizadas.

A emenda saiu pior do que o soneto.

Ao dar um excessivo destaque às brigas entre os Peixes e a Pop, a mídia ajudou a divulgar o conceito de gangues.

Começaram a surgir novas gangues – rebatizadas de “galeras” – nos quatro cantos da cidade (Selvagens, na Compensa, Demônios da Noite, na Alvorada, Zumbis sem Alma, no Coroado, Filhos de Satã, na Cidade Nova, Os Caveiras, no São José, e por aí afora).


No começo de agosto de 1989, De Ouro se envolveu em um entrevero com um aspirante da Polícia Militar, na praia da Ponta Negra, nas proximidades da Barraca do Peruano.

O “milico” quis dar uma de xerife do pedaço porque algumas amigas do De Ouro estavam apertando um baseado e apanhou mais do que boi ladrão.

Ele jurou vingança.

De Ouro não deu a mínima.

Na manhã do dia 19 de setembro daquele mesmo ano, De Ouro resolveu fazer uma fezinha no jogo do bicho.

Na noite anterior, ele sonhara que estava brigando com alguns meganhas e resolveu apostar no “cachorro”.

De Ouro fez seu jogo com um cambista que trabalhava na banca de revistas defronte da drogaria Avenida, no Boulevard Amazonas.

Depois de ter guardado a pule no bolo, ele estava se dirigindo para o seu carro, quando foi alvejado por seis tiros à queima-roupa.

Não teve tempo de reagir.

Morreu na mesma hora.

Suspeita-se até hoje de que o aspirante da Polícia Militar esteja por trás da tragédia.

Naquele dia, no jogo do bicho, deu “cachorro” na cabeça.

Dodô resgatou o prêmio com o cambista e, alguns meses depois da morte do irmão, se tornou pregador evangélico.


Campeão amazonense de natação, Kaco Caminha havia falecido alguns anos antes, vítima de botulismo, após comer um cachorro-quente estragado na saída do Maracanã, no Rio de Janeiro.

A morte dos dois líderes rivais encerrou as atividades das duas gangues pioneiras e sinalizou o fim de uma era.

Dali em diante, a briga das galeras seria travada na periferia da cidade, com o concurso de terçados, facas de cozinha, cabos de vassoura com prego na ponta, correntes, cabos de aço, tacos de beisebol e armas de fogo de todos os calibres.

Não se fazem mais adolescentes como antigamente.