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segunda-feira, outubro 17, 2011

O endiabrado Jaime Chapoca


Outubro de 1974. Estudante de Direito na FUA, Francisco Sobrinho (nessa foto, o primeiro em pé a esquerda, exibindo suíças elvispresleyanas), hoje delegado aposentado, assumiu o cargo de treinador do Areal, de Santa Luzia, que fez uma campanha admirável no 2º Peladão.

Empolgado com aquele fraseado típico dos cursos de ciências jurídicas, Sobrinho começou a utilizar aquele linguajar rebuscado para passar as instruções táticas para o seu plantel.

Quem mais sofria com aquilo era o habilidoso ponta direita Jaime (aka “Chapoca”), ainda um simples estudante do curso supletivo do 1º grau.

Depois de escalar a equipe e conversar particularmente com cada atleta, ele reunia os atacantes do time (Chapoca, Mário Gordinho, Tom e Ironilson) para as instruções finais:

– Jaime, meu filho, você é peça fundamental no nosso time! –, explicava o treinador. “Na hora em que o Mário Gordinho fizer o overlapping com o Tom, o Ironilson vai ser o nosso ponto futuro. Então, você corre pela lateral do campo, mas evita entrar em diagonal ou fazer a triangulação. No máximo, você vai cair pela perpendicular e cruzar na área. Porque na hora que o Tom entrar na diagonal, quem passa a ser o ponto futuro é o Mário Gordinho e aí você faz o overlapping com o Ironilson, entendeu?

– Perfeitamente, doutor Sobrinho! –, respondia Chapoca, sem muita convicção.

Na hora em que o time entrava em campo, Chapoca se aproximava timidamente de Mário Gordinho (nessa foto, o quarto agachado da esquerda pra direita) e abria o coração:

– Porra, Mário, eu não entendi caralho nenhum do que o nosso técnico falou...

– Ele pediu pra você driblar o lateral esquerdo, ir na linha de fundo e cruzar pra dentro da área! –, explicava Mário Gordinho.

– Ah, é só isso? –, devolvia Chapoca, meio incrédulo.

Quando a partida começava, o ponta direita se encarregava de acabar com o jogo.

Transformava qualquer lateral esquerdo em “joão”, metia quinze, vinte, trinta bolas dentro da área e Ironilson, Tom e Mário Gordinho se encarregavam do resto.

O técnico Francisco Sobrinho, rindo com as paredes, elogiava para o jogadores reservas a aplicação tática de Chapoca.

No jogo seguinte, o ritual se repetia de novo.

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