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segunda-feira, março 26, 2012

Aula 15 do Curso Intensivo de Black Music: Diana Ross


O maquiavélico Gordy também tinha um faro aguçado para descobrir no meio de figuras anônimas superstars em potencial.

As Marvelettes eram um quarteto de segunda categoria que ficou em quinto lugar durante um concurso de novos talentos em 1961.

Um professor fez a ponte com a Motown, elas foram contratadas e seu primeiro single, “Please Mr. Postman” (regravado depois pelos Beatles), se tornou o primeiro lugar do selo na parada pop.


Diana Ross, Florence Ballard e Mary Wilson eram três ginasianas que moravam num conjunto habitacional pobre de Detroit e cantavam na escola.

Um dia, elas procuraram Gordy em busca de uma chance.

Foram batizadas de Supremes, chegaram ao primeiro lugar do hit parade 10 vezes nos anos seguintes e estiveram 20 vezes no show de Ed Sullivan, em cadeia nacional, o mais importante programa de variedades da época.

As Supremes formaram o girlgroup mais bem-sucedido do pop negro americano, tanto que detêm até hoje o recorde de vendas de discos em seu país (mais de 60 milhões), além de terem colocado o maior número de singles no primeiro lugar da parada.

Florence cantava melhor e Mary Wilson era mais bonita, mas era óbvio que quem tinha a estrela estampada na testa era Diana.


Berry Gordon sabia disso desde o início, por isso a colocou como vocalista principal do grupo, apesar do ressentimento e reclamações de Florence.

Depois de alguns singles fracassados, Gordy resolveu jogar as Supremes nas mãos do trio Holland-Dozier-Holland.

Foi um casamento dos céus.

A partir do terceiro single produzido pelo trio, “Where Did Our Love Go?”, as Supremes iniciaram sua conquista do mundo.

Foi o primeiro de uma seqüência de cinco números um no hit parade americano (“Baby Love”, “Come See About Me”, “Stop! In The Name Of Love” e “Back In My Arms Again”).

No período 66-67, o grupo teria mais quatro músicas seguidas em primeiro lugar: “You Can’t Hurry Love”, “You Keep Me Hangin’ On”, “Love Is Here And Now You’re Gone” e “The Happening”.

Com esses sucessos, Holland-Dozier-Holland estabeleceram os padrões do que ficou conhecido como o som da Motown: um modelo de pop perfeito, que foi seguido por quase todo mundo que queria se dar bem no ramo musical nas décadas seguintes.

A Motown teve sensibilidade para o momento conseguindo se tornar, como seu slogan apregoava, “o som da América jovem”.

Havia a energia e a simplicidade do rock’n’roll (ou rhythm & blues), mas havia também uma sofisticação que refletia os gostos da nova juventude urbana, basicamente de classe média – tanto branca como negra.


E nada melhor que os vocais doces das Supremes para fazer esse crossover.

O segredo da confecção era alcançar a genialidade a partir da simplicidade: bastam três ou quatro acordes certos e a química acontece.

Características clássicas do som da Motown incluíam seção rítmica bem à frente, independência da linha de baixo em relação à batida, elementos mais refinados, como violinos e sopros, e refrões imediatos.

A produção era redondinha, bem polida e equilibrada.

Além da influência musical da Motown, Diana Ross lançou uma escola de vocal pop, leve e agudo, seguido por milhares de cantoras como Madonna e Jody Watley.

Os conceitos de sofisticação, cuidado e limpeza da música, até então inéditos no pop negro – sempre associado à rusticidade e à agressividade –, viraram regra no setor: de Isaac Hayes ao som da Philadelphia, da disco music à garage, da house music ao techno, do swingbeat a Earth, Wind & Fire, todo mundo “chupou” alguma coisa da Motown.

“The Happening” foi o último single das Supremes, antes de serem rebatizadas de Diana Ross & The Supremes.


Gordy concretizava aí a idéia de trazer a verdadeira estrela para frente, preparando-a para uma milionária carreira-solo.

As Supremes ainda teriam alguns sucessos sem Diana, até meados dos anos 70, e depois passariam a viver de shows de revival.

Da formação original só ficou Mary Wilson, mas dos anos dourados de sua carreira restaram alguns dos mais sublimes singles da história.

Assim que deixou o grupo, Diana Ross partiu para uma errática carreira-solo a partir de seu sucesso com a canção “Ain’t No Mountain High Enough”.

Estrelou também um filme sobre a vida de Billie Holliday, chamado “Lady Sings the Blues”, onde recebeu o prêmio pela trilha sonora.


Em 1973, gravou um álbum com Marvin Gaye intitulado “Diana and Marvin”, com destaque para “My Mistake”.

Em 1975, novamente participou de um filme, “Mahogany”, e seu tema musical “Do You Know Where You're Going To” chegou ao primeiro lugar das paradas.

De 1976 a 1980, Diana Ross gravou vários sucessos, como “Love Hangover”, “What You Gave Me”, “The Boss” e “It’s My House”, da dupla Ashford & Simpson, e “Upside Down”, “I’m Coming Out” e “My Old Piano”, da dupla Nile Rodgers e Bernard Edwards.

Em 1981, ele fez um dueto romântico com Lionel Richie em “Endless Love”, último sucesso que ela obteve pela gravadora Motown.

Posteriormente assinou com as gravadoras Capitol e RCA, mas depois da queda na vendagem de seus discos, no início dos anos 90, retornou à Motown.


Diana teve uma filha com Berry Gordy, duas filhas com o divulgador musical Robert Ellis Silberstein e dois filhos com o executivo norueguês Arne Naess Jr, morto em 2000.

Em 2003, esteve internada numa clínica para dependentes de álcool e drogas.

No início 2004, foi presa ao ser flagrada dirigindo na contramão em avançado estado de embriaguez.

Apesar de tudo, Diana Ross foi considerada pela revista Billboard e pelo livro Guinness como a principal artista feminina do século 20, tendo emplacado 18 “singles” em primeiro lugar, sendo doze com “The Supremes” e seis em carreira solo.

As vendas de seus álbuns já ultrapassaram a marca de 100 milhões de cópias, mas hoje, infelizmente, Diana Ross é mais conhecida como o rosto que fez Michael Jackson entrar no bisturi.

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