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sexta-feira, março 23, 2012

Aula 8 do Curso Intensivo de Black Music: Aretha Franklin


Outra que ouviu muito blues até se tornar a “Rainha do Soul” foi Aretha Franklin.

Nascida em 1942 num dos pontos focais do blues – Memphis, Tennessee – começou a ouvir música e a cantar na igreja.

O pai era pastor e teve 70 álbuns de sermões lançados pela gravadora Chess, especializada em blues.

Quando a família se mudou para Detroit, ele passou a dirigir o coro da igreja New Bethel.

Dotada de uma voz que impressionou a todos desde cedo, Aretha ainda pequena cantava e tocava piano, acompanhando o pai em turnês.

Encorajada pelo cantor Sam Cooke, amigo da família, gravou uma série de fitas demos com a ajuda do baixista de jazz Major Holley e as enviou ao todo-poderoso produtor da Columbia, John Hammond.

Ele gostou do que ouviu e a convidou para uma audição.

Apadrinhada por Sam Cooke, então no auge da carreira, Aretha Franklin, que tinha apenas 19 anos, entrava no estúdio em 1961 e gravava seu primeiro LP, coincidentemente pela mesma gravadora que lançara Bessie Smith, nos anos 20.

Mas o repertório, quase todo de standards jazzísticos, não fazia jus à voz de Aretha.

Foram necessários alguns anos – e o talento do produtor Jerry Wexler – para colocá-la no caminho certo.

Em sua autobiografia, “Rhythm and Blues”, Wexler conta que, depois de sete anos na Columbia, onde gravou seis discos, Aretha estava profundamente frustrada.


Era um prodígio do gospel, tinha a melhor voz do país, mas seu potencial se perdia com o repertório errado e os arranjos inadequados, às vezes usando até orquestras de cordas.

Wexler levou-a para gravar em Muscle Shoals, Alabama, não muito longe da Memphis natal de Aretha.

Lá, sentada ao piano e acompanhada de órgãos, metais, saxofones, seção rítmica e vocais de fundo, ela gravou “I Never Loved A Man (The Way I Love You)” e “Do Right Woman – Do Right Man”.

O compacto resultante virou ouro puro logo depois de sair e o mesmo aconteceu com o LP, terminado em Nova York.

No verão de 1967, Aretha Franklin era a nova sensação da música pop americana.

Com a fabulosa voz gospel, que lembrava a de sua tia Clara Ward, ou a de Mahalia Jackson, ela atacava um repertório profano de canções de amor ao embalo do rhythm & blues.

O lançamento de “I Never Loved A Man (The Way I Love You)” mostrou o lugar de Aretha no mercado fonográfico: o topo.

Com isso, montou uma banda profissional e se tornou um símbolo da música negra no mundo.


Foram milhões de discos vendidos e hits como “Respect”, “Baby I Love You”, “Chain of Fools”, entre muitos outros.

Com a canção “Respect”, Aretha ainda recebeu dois Grammys.

A cantora passou por problemas pessoais no início da década de 70, mas que não atrapalharam os seus objetivos com a carreira.

Aretha continuou a emplacar hits, como “Bridge Over Troubled Water”, “Don’t Paly That Song” e “Spanish Harlem”.

A partir daí, marcou presença no Grammy entre 1969 e 1975.

No final da década de 70 o cenário de sucesso da cantora mudou.

Os três últimos álbuns não fizeram o sucesso que ela estava acostumada.

“La Diva” foi lançado em 1979, mesmo ano em que seu pai foi assassinado.


Em 1980, foi a hora de dar a virada na carreira, quando estreou nos cinemas, no filme “The Blues Brothers”, o que a apresentou a um público mais jovem.

No mesmo ano, mudou de gravadora e foi para a Arista Records, que a colocou de volta às paradas musicais graças à música “What A Fool Believes”.

O disco seguinte, “Love All The Hurt Away”, trouxe um dueto com George Benson, mas não repetiu o sucesso do anterior.

Foi preciso chamar os famosos produtores Luther Vandross e Marcus Miller para colocar Aretha no topo das paradas R&B.

Eles foram os responsáveis pelos dois discos seguintes, “Jump To It” (1982) e “Get It Right” (1983).

“Who’s Zoomin’ Who?”, lançado dois anos depois com produção de Narada Michael Walden, se tornou o disco de maior sucesso pela Arista.

Aretha retornou às paradas e ao Grammy com a música “Freeway of Love”.

No disco “Aretha”, ela fez o dueto “I Knew You Were Waiting (For Me)” com George Michael e, com esse e outros sucessos, Aretha foi a primeira mulher incluída no Rock and Roll Hall of Fame.

No meio de todo o sucesso, Aretha precisou lidar com a tragédia de perder dois irmãos e seu empresário em 1988.

Apesar do sofrimento, Aretha voltou ao estúdio.

Além de seus discos, ela cantou para Bill Clinton em 1993 e participou da trilha sonora do filme “Falando de Amor”.

Ficou um tempo parada, mas voltou em 1995, quando recebeu o prêmio especial no Grammy “Lifetime Achievement”.


Em 1998, lançou “A Rose Is Still a Rose”, que foi bastante elogiado pelos críticos e um estrondoso sucesso de público.

A faixa-título, a primeira do CD, provava que a Lady Soul não havia parado no tempo.

Composta, arranjada e produzida por Lauryn Hill (a vocalista dos Fugees), mistura batida hip hop, “overdubs” com vozes sobrepostas e um dissonante naipe de cordas.

Era a cara do pop negro neste fim de século.

O melhor de tudo é que, descontando os agudos um pouco menos brilhantes, a voz de Aretha se mantinha em plena forma, expressiva e arrepiante, como de costume.

Basta ouvir “The Woman”, canção romântica composta pela própria cantora, que traz indisfarçável caráter autobiográfico.

Se a letra parece remeter a frustrações do passado, Aretha, nos vocais, oferece uma emocionada exibição de “scat singing” (vocais improvisados sobre onomatopéias), digna de uma grande cantora de jazz (o que ela, na verdade, jamais pretendeu ser).


Aretha foi novamente convidada para participar da nova versão do filme “Blues Brothres 2000” e para a trilha sonora, a cantora re-gravou “Respect”.

Ainda em 1998, a cantora lançou “The Queen Of Soul” e esteve no projeto especial do canal VH-1, “Divas Live”, ao lado de Celine Dion, Mariah Carey, Gloria Stefan e Shania Twain.

O show foi apresentado pelo canal e lançado em CD e DVD, o que mostrou ao público que Aretha ainda era a rainha do soul.

Para encerrar a década, Aretha substituiu no último minuto o cantor Luciano Pavarotti na cerimônia do Grammy 98.

Ela cantou o que estava no programa, um trecho da ópera Nessun Dorma.

Após um período afastada, Aretha voltou aos palcos para a gravação do “Divas Live” em 2001, desta vez com Janet Jackson, Mary J. Blige, Jill Scott e Backstreet Boys.

Depois de cinco anos sem gravar a diva do soul music lançou em 2003 o álbum “So Damn Happy”, com faixas como “No Matter What”, “Everybody Somebody’s”, além de “Wonderful”, que lhe rendeu novamente um Grammy na categoria R&B.

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