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terça-feira, março 27, 2012

Zeca Pagodinho lança DVD 'solidário' para dar voz e ajudar colegas


Por José Raphael Berrêdo, do G1, no Rio

Zeca Pagodinho nunca escondeu qual é o seu programa predileto: reunir os amigos para um samba no seu sítio em Xerém, no Rio de Janeiro, tudo regado a muita cerveja.

Pois agora ele resolveu compartilhar com os fãs, ao menos em imagem e som, o que acontece em sua casa na Baixada Fluminense.

Com participação de sambistas consagrados e outros pouco conhecidos do público, ele está lançando hoje, 27, o CD e DVD “Zeca apresenta: o quintal do Pagodinho ao vivo”, no qual canta apenas a primeira faixa, “Em um outdoor” (Zé Roberto/Adilson Bispo), dando voz a compositores que sempre gravou.

“A ideia é mostrar que não existe só o Zeca. Meu sucesso na realidade é de todo mundo”, explicou o músico que, como bom anfitrião, recebeu a todos os presentes para uma entrevista coletiva na última quinta-feira (22), como se fossem de casa, com churrasco e cerveja.

De bermuda, sandália e uma camiseta sem manga combinando com o calorão de Xerém, desfilou com o primeiro neto, Noa, de 2 anos, no colo, antes de se sentar à mesa com um total de 24 compositores ao lado.

Entre amigos e parceiros de longa data, como Arlindo Cruz e Jorge Aragão, e novatos apadrinhados, como Arlindinho (Arlindo Neto, de 20 anos), contou histórias da velha guarda e brincou até com a morte de antigos compositores (“Tem até uns quatro que já foram aí”, disse sobre os autores de canções do CD).

Aragão lembrou da época em que Zeca estourou, já no primeiro disco, em 1985.

“O que aconteceu fugiu a tudo que a gente esperava. Nos primeiros shows, já tinha gente querendo pular muro, quebrar portão. Me senti mais profissional”, recordou.

Entre gravar o DVD ou participar das rodas em Xerém, Arlindo Cruz não tem dúvidas de que a segunda opção é a mais divertida.

“Tinha produção orientando, um maestro, algumas paradas no samba também. Mas o resultado ficou ótimo, parece mesmo as nossas rodas, é o clima que passa”, elogiou.


Zeca em meio a parceiros na mesa da entrevista em sua casa em Xerém, no Rio (Foto: José Raphael Berrêdo / G1)

No extenso DVD, com 24 faixas, Zeca apenas abre o show.

Depois, vê bambas como Aragão, Beth Carvalho, Arlindo, Dudu Nobre, Martinho da Vila, Seu Jorge e Jorge Ben Jor, que encerra o álbum com “Mas que nada”, se misturarem a compositores e intérpretes pouco badalados, como Zé Roberto, Efson e Pretinho da Serrinha.

Uma união que o amigo e compositor Nei Lopes (que assina a faixa ”Firme e forte”, ao lado de Efson) resume no release como “o primeiro DVD e CD de samba que consegue fixar o verdadeiro clima dos quintais de pagodes, juntando presenças estelares a ilustres e talentosos desconhecidos do grande público”.

Para escolher o repertório, Zeca conta que foram umas quatro ou cinco “reuniões” em Xerém.

A escolha, admitiu, tem um quê de solidariedade com amigos sem dinheiro, precisando de “uma força”.

“É um dos grandes critérios. Mas aí mando trabalhar depois porque já sou avô, né?”, disse. “Mas só gravo o que eu gosto. E não estou fazendo favor para ninguém. Essa é minha função”, completou o artista, que já planeja uma segunda edição do projeto.

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