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terça-feira, janeiro 06, 2015

Esquentando os tamborins (Parte 2)


Denise Carla
No Brasil, ao contrário do que ocorreu em outros países, o carnaval se caracterizou acima de tudo como uma manifestação do delírio coletivo, do desabafo popular e do humor ingênuo das multidões que saíam às ruas para cantar suas alegrias, como se observou durante anos nos blocos dos “sujos” e nos grupos de mascarados. 
Tempos depois, no entanto, o carnaval brasileiro perdeu, em parte, esse cunho popular e adquiriu um sentido grupal, aristocrático e clubístico, com bailes suntuosos e reservados apenas às classes sociais economicamente mais favorecidas. 
Hoje em dia, o carnaval é um conjunto de festividades populares que ocorrem em diversos países e regiões católicas nos dias que antecedem o início da Quaresma. 
Embora centrado no disfarce, na música, na dança e em gestuais específicos, a folia apresenta características distintas nas cidades em que se popularizou. 
O termo carnaval é de origem incerta, embora seja encontrado já no latim medieval, como “carnem levare” ou “carnelevarium”, palavra dos séculos 11 e 12, que significava a véspera da quarta-feira de cinzas, isto é, a hora em que começava a abstinência da carne durante os quarenta dias nos quais, no passado, os católicos eram proibidos pela igreja de comer carne.
Os dias exatos do início e fim da estação carnavalesca variam de acordo com as tradições nacionais e locais, e têm-se alterado ao longo do tempo. 
Assim, em Munique e na Baviera (Alemanha), ela começa na festa da Epifania, seis de janeiro (dia dos Reis Magos), enquanto em Colônia e na Renânia, também na Alemanha, o carnaval começa às 11h11min do dia 11 de novembro (undécimo mês do ano). 
Na França, a celebração se restringe à terça-feira gorda e à mi-carême, quinta-feira da terceira semana da Quaresma. 

Nos Estados Unidos, festeja-se o carnaval principalmente de seis de janeiro à terça-feira gorda (“mardi-gras” em francês, idioma dos primeiros colonizadores de Nova Orleans, na Louisiana), enquanto na Espanha a quarta-feira de cinzas se inclui no período momesco, como lembrança de uma fase em que esse dia não fazia parte da Quaresma. 
No Brasil, até a década de 1940, sobretudo no Rio de Janeiro, as festas pré-carnavalescas se iniciavam em outubro, na comemoração de Nossa Senhora da Penha, crescia durante a passagem de ano e atingia o auge nos quatro dias anteriores às Cinzas – sábado, domingo, segunda e terça-feira gorda. 
Hoje em dia, tanto no Recife (PE) quanto em Salvador (BA), o carnaval inclui a quarta-feira de Cinzas e dias subsequentes, chegando, por vezes, a incluir até o sábado de Aleluia.

Hoje, nem um décimo do povo participa ativamente do carnaval, ao contrário do que ocorria em sua época de ouro, período que compreende o fim do século 19 até a década de 1950. 
Entretanto, o carnaval brasileiro ainda é considerado um dos melhores do mundo, seja pelos turistas estrangeiros, seja por boa parte dos brasileiros, principalmente pelo público jovem que não alcançou a glória do carnaval verdadeiramente popular. 
Como declarou Luís da Câmara Cascudo, etnólogo, musicólogo e folclorista, “o carnaval de hoje é de desfile, carnaval assistido, paga-se para ver. O carnaval, digamos, de 1922, era compartilhado, dançado, pulado, gritado, catucado. Agora não é mais assim, é para ser visto”.

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