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quinta-feira, agosto 27, 2015

Frescura demais enjoa


Naquela Copa em que o Ronaldo Fenômeno teve um fenomenal faniquito, fizeram um casamento antes do jogo Brasil e Noruega e na final, no Stade de France, quem fez a festa antes do Zidane foi Yves Saint-Laurent. Modelos desfilaram no gramado com criações de YSL ao som do bolero de Ravel tocado em tonéis, o que já devia ter nos alertado para alguma coisa.

E eu fiquei pensado naquela roda de pôquer que se reunia semanalmente na mesma casa durante anos. Sempre a mesma roda e sempre a mesma casa, e a mesma mesa. Até que o dono da casa mudou de mulher, e a nova mulher sugeriu que os jogadores usassem descanso para os copos. Assim os copos molhados não deixariam marcas na mesa.

– Não – disse o homem.

– Por que não, bem? – surpreendeu-se a mulher.

– Porque no momento em que eu distribuir descanso para os copos, todos se levantam e vão embora e a roda acaba.

– Mas eu não sou contra o pôquer de vocês. Podem continuar jogando, e bebendo. Só o que eu peço é que usem descansos sob os copos para não...

– Não.

– Mas por que não?!

– Porque seria um primeiro passo. O seu descanso não é um descanso. É um precedente.

– Mas...

– Não insista.

O homem sabia o que os descansos significavam. Depois dos descansos viria o pedido para que usassem cinzeiros, em vez de largarem as cinzas no chão. Logo seria levantada a questão dos restos de comida misturados com as cartas e as fichas. E não demoraria e viria a sugestão para que cuidassem da pontaria na hora do xixi...

O futebol, como o pôquer, precisa manter-se em vigilância constante contra as incursões da frescura. (LFV)

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