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sexta-feira, abril 15, 2016

Coisas sobre sexo que você nunca quis saber, mas que eu faço questão de divulgar (2)


MÚSCULOS MILAGROSOS – Lola Montez, uma bailarina anglo-irlandesa, aventureira e cortesã, descobriu bem cedo que podia satisfazer seus desejos sexuais ao mesmo tempo em que vendia seu corpo por uma fortuna. Ela teve três maridos e entre seus inumeráveis amantes estiveram Franz Liszt e Alexandre Dumas, o pai. Mesmo sendo do tipo “pegue e pague”, Lola recusou-se a fornicar com o vice-rei da Polônia, porque ele usava perereca e queria lhe beijar na boca! Lola chegou a ser amante do rei Luís I, da Bávaria, que a presenteou com os títulos de baronesa e condessa, porque “ela podia fazer milagres com os músculos de suas partes íntimas”, dizia. A bailarina foi uma das primeiras cortesãs da época a ter seu “bezerro premiado em exposição” elogiado publicamente em todas as cortes europeias.

BEATA PELADA – O falecido rei Alfonso 13, avô de Juan Carlos, atual rei da Espanha, tinha como passatempo predileto assistir filmes eróticos, muito deles feitos por encomenda e roteirizados pelo monarca em pleno anos 20. Seus assessores faziam contatos com diretores, atores e atrizes para viabilizar o desejo real. Uma das fitas recentemente encontradas conta a história de um padre que convencia lindas jovens beatas a rezarem nuas e depois liberarem o rodiscley, pois assim ganhariam o reino dos céus. Parece enredo de um dos catecismos do Carlos Zéfiro, fala sério!

PORTA DOS FUNDOS – Durante milhões de anos, antes de se tornar um homenzinho – era apenas um primata de futuro –, nosso ancestral fez sexo penetrando por trás, como os macacos. O intercusso era curto, grosso, breve e, na maioria das vezes, o macho, engatando pela retaguarda, nem via a cara da parceira. Deve ser por isso que até hoje as mina pira quando ficam de quatro...

TRAIÇÃO AUTORIZADA – Pela lei babilônica, se a esposa legal fosse estéril cabia a ela encontrar uma substituta para o marido. Complicado era recuperar o marido depois.

PICADINHO DE CLITÓRIS – Os egípcios marcavam suas mulheres extirpando o clitóris e os lábios vaginais. O objetivo, aparentemente, era de evitar que a mulher de algum marido incompetente, querendo gozar, saísse por aí dando mais do que o chuchu na serra.

VIRGINDADE GARANTIDA – Há registros de que os curdos praticavam o defloramento público para que se comprovasse a castidade pré-marital da noiva. Imagine a quantidade de punheteiros que corriam para a praça num dia destes.

APENAS POR INSTINTO – Entre as mulheres, diz Shere Hite, a tal do famoso Relatório, a masturbação se constitui em “uma das poucas formas de comportamento instintivo à qual se tem acesso”. Todas as pesquisas, de ontem, de hoje e, provavelmente, de amanhã, indicam que os homens se masturbam muito mais do que as mulheres. Só não dizem o quanto elas estão perdendo.

ACREDITE SE QUISER – Alguém aí sabe como nasceu Afrodite, a deusa do coito? Da espuma de sêmen do deus Urano, cujos testículos foram jogados ao mar pelo seu filho Cronos.

FRIGIDEZ ANUNCIADA – Santo Agostinho refletindo sobre o sexo no Jardim do Éden, concluiu que a primeira transa deve ter sido fria e intensa de qualquer excitação. Segundo ele, só depois de o “pecado original” é que a emoção chegou ao sexo.

PELA QUANTIDADE – No século VI, a imperatriz Teodora pôs novamente em prática as tradições romanas de ninfomania. Ela abria “as portas de Vênus” diariamente a, pelo menos, dez jovens nobres, escolhidos aleatoriamente entre os mais bem dotados da corte. Em ocasiões especiais, a “santa” começava o dia praticando sexo com até 30 servos, no velho estilo “barba, cabelo e bigode”. Teodora era do ramo!

TREINANDO ANTES – O Taoísmo pregava que uma criança só nasceria forte e saudável se a essência do pai estivesse na sua potência máxima. Para isso, o homem deveria manter relações com outras mulheres antes do encontro final com a “futura mamãe”.

COMIDA CASEIRA – Essa história de “comer a empregadinha lá de casa” é muito mais antiga do que se pode imaginar. Entre 1726 e 1736, mais da metade das mães solteiras de Nantes, na França deram o nome do seu patrão aos filhos.

MANUAL DO SEXO – Os chineses produziram os primeiros manuais de sexo conhecidos no mundo. Ainda hoje esse livros – ou o que sobrou deles – são vistos no Ocidente como pornográficos.

SEM CHANCE – No mundo grego, a castração obedecia a interesses puramente conceituais. O eunuco serviria como escravo para serviços internos, como cuidar dos aposentos do sultão. Seus órgãos sexuais externos eram cortados exatamente para isso, para deixa-los sem nenhuma possibilidade de qualquer gracinha para cima do harém.

CURA DA GONORREIA – A famosa gonorreia, também chamada de blenorragia e que muito marmanjo por aí já contraiu na adolescência, teve seu micróbio identificado em 1879. Já a cura só foi descoberta depois da chegada das sulfamidas em 1941. Êita tempo bão!

RESTAURAÇÃO DO SELO – O Japão de hoje é exigente em relação à virgindade da noiva. Muito espertinhas, as mocinhas casadoiras não perdem a viagem. Segundo cálculos recentes, cerca de 40 mil hímens são restaurados por ano. A operação é conhecida como “hímen renascido”.

O pé na bunda é P&B, a liberdade é 3D


Xico Sá

Está ai um momento lindamente difícil, primeiro plano, fechado, só você e a câmera do homem que filma tudo lá de cima, agora em 3D, para que todos acreditem e não vejam como truque ou chantagem, o justo instante em que diz, absoluto(a): adeus, acabou chorare, chega de palhaçada!

Dificílima decisão quando você ama o(a) sujeito(a) como nos versos mais lindos dos Beatles que ouviram do Ipiranga, da Serra do Rola Moça, do Mucuripe,  da beira do Capibaribe ou do Crato.

Mas que linda iluminação, meu santo Jack Kereouac, o beijo no vento, o sorriso, o fim da maldição de todas as músicas que parecem biográficas, sejam de Leonard Cohen, do Chico ou do Waldick Soriano.

Já reparou, amigo(a) que, quando doentes de amor, toda e qualquer canção é a história cagada e cuspida das nossas vidas?! Entramos no carro ou em um táxi de madrugada, velho e bom Serginho Barbosa, e lá está a trilha sonora da existência.

Agora você simplesmente ergue as mãos para os céus e diz: estou livre!

Penei, sofri, vivi o luto amoroso, mas essa(e) peste não me merece. Você foi grande, não esnobou com o(a) primeiro(a) que apareceu pela frente, respeitou, viveu noites de insônia e solenes carências.

Você tomou fortes remédios, enfim, você foi intenso(a) e segurou a onda em todas as medidas e trenas do possível.

Óbvio que às vezes você se engana, todos nós caímos nessa, achamos que estamos libertos e temos recaídas, acontece, basta estar vivo, dane-se, o amor é uma droga pesada, muito bem disseram, passa a régua.

Agora não, você se sente livre mesmo, até recita um verso de outro grande poeta, o Walt Whitman, aquele que diz mais ou menos assim, não recordo de memória: “De hoje em diante não digo mais boa sorte / boa sorte sou eu!”

Pronto. É isso ai, vamos embora e etc.

Você se sente livre mesmo(a), se arruma bem linda, bota flor no cabelo, você, macho velho, luta boxe sozinho no banheiro, ouve uma do Rolling Stones ou do Bartô Galeno, você está preparado(a) para uma nova vida, caiu a pena como um passarinho, caiu o pêlo como um(a) gato(a), mudou de sina e com todo respeito ao clichê mais vagabundo, a fila anda.

Vixe, nossa!, você fez todas as rezas, orou para Jesus, foi no terreiro e no centro espírita, baixou os tarôs e tomou todas as carma-colas, pediu para a menina anônima que viu a virgem na mata e rendeu-se ao neo-orientalismo, você fez de tudo um pouco, santa, de tudo um pouco como o nome daquele bom prato do restaurante Buraco de Otília, Recife, rua da Aurora –a rua da luz mais bonita do mundo, segundo Gilberto Freyre e todos os bons fotógrafos do planeta.

É, amigo(a), se o pé-na-bunda é em preto e branco como naqueles bons, mudos e tristes filmes do expressionismo alemão, a salvação é em 3D, mais que Avatar e léguas submarinas, é uma montanha russa, um carrossel de parque de diversão, uma roda gigante ou uma simples caminhada pelas ruas com um sorriso enigmático e um bom ventinho na cara. Adeus muchacho(a)!

A lenda e a obra da seita lulopetista


J. R. Guzzo

Com a velha lorota de implantar um “Projeto Social” que na realidade jamais existiu, o método do trio Lula-Dilma-PT, depois de treze anos em Brasília, só conseguiu apresentar ao país um governo que incomoda a todos, mas é especialmente esmagador para os mais pobres. O Brasil está vivendo hoje uma de suas fábulas mais fabulosas, ou, para quem prefere uma linguagem com menos cerimônia, a maior mentira de todas as que já foram contadas por aqui nos últimos 500 anos.

O grande conto do vigário de hoje não é a história de chamar o processo de impeachment de “golpe”. É uma falsificação tão miserável dos fatos que nem o próprio governo, o ex-presidente Lula ou o PT acreditam nisso; se acreditassem, já teriam tomado há muito tempo as providências legais para impedir o golpe, acionando as autoridades responsáveis pela segurança pública.

Também não é a gritaria oficial contra a “violência” de quem está a favor do impeachment; que “violência” é essa, quando 3,5 milhões de pessoas, ou mais, vão às ruas de todo o país para pedir a saída de Dilma e não se registra um único episódio de desordem?

Esqueça-se, ainda, a aflição das classes intelectuais com a “legalidade”, ou os esforços para transformar o juiz Sergio Moro numa espécie de capitão do mato das “elites” ─ Moro, para resumir a ópera, é o homem mais popular do Brasil no momento. Não se trata nem nunca se tratou de nada disso, nem das outras contrafações multiusos em circulação atualmente na praça.

A mentira campeã é a tentativa de dizer que há uma disputa entre “dois projetos de país”. Um deles é o “Projeto Social” Lula-PT para melhorar a vida do povo brasileiro. O outro não se sabe direito o que é, e nem interessa ─ basta saber que é o “projeto” de quem discorda de Lula e, portanto, é coisa do mal. Não pode ser debatido. É “deles”.

Trata-se de uma farsa, e por uma razão bem simples: Lula não tem projeto social nenhum. Sempre disse que tem, claro ─ é mentira velha. O que muda é a embalagem. Vem em garrafa, em lata, em plástico, mas a mentira é sempre a mesma. O ex-presidente, desde o começo de sua caminhada rumo ao topo, nunca se interessou por fatos. O que realmente vale, em sua maneira de ver o Brasil, é a imagem que consegue criar; acha mais eficaz substituir a ação pela comunicação. Política é coisa que se faz com um bom gerente de marketing, alguém capaz de entender a sua indiferença quanto aos teores de lógica, realismo ou verdade naquilo que diz; só lhe importa a quantidade de gente disposta a acreditar nele.

O projeto de Lula é cuidar de Lula ─ e convencer a maioria do público de que ele é mesmo o homem que diz ser. Quer que acreditem, por exemplo, que está sendo questionado na Justiça por causa de um pedalinho no sítio de Atibaia, ou porque tem uma adega com sabe-se lá quantas garrafas de bebida. Ou, então, que o juiz Moro é o culpado pelo desemprego (“Vão procurar os seus empregos com o Sergio Moro”, já disse), porque os processos de corrupção de Curitiba estão causando problemas para as empresas e daí elas demitem. Alguém engoliu? Então valeu. Tem dado certo; Lula já foi eleito presidente duas vezes e, mais que isso, conseguiu eleger Dilma Rousseff outras duas.

No exterior, onde as lendas brasileiras mais esquisitas são tantas vezes levadas a sério, constava até há pouco tempo que ele era um grande reformador da sociedade no Terceiro Mundo. E o “Projeto Social” ─ resultou no quê? Não vem ao caso. Ficar fazendo perguntas sobre isso é “preconceito”.

A comprovação prática de que o avanço dos interesses populares, tal como é pregado por Lula, faz parte de um país imaginário está no fato de que o Brasil de hoje vai horrivelmente mal. Ou existe alguém achando que não vai? Após treze anos e tanto de governo pelo método Lula-Dilma-PT, temos acima de 10 milhões de desempregados na praça, mais do que em qualquer outra época ─ e com viés de alta. Para a maioria deles, perder o emprego não é um fenômeno da economia; significa ser jogado de repente à fronteira da miséria, ou algo tão parecido com isso que não dá para perceber a diferença.

O Brasil está a caminho de três anos seguidos de recessão após um ano de crescimento zero, uma desgraça 100% assinada pelo trio citado acima ─ e, como se sabe, é impossível produzir menos e aumentar renda. Na verdade, o que está aumentando são as classes D e E, que só de 2015 até o fim de 2016 vão ganhar cerca de 8 milhões de brasileiros com renda familiar de 2 000 reais para baixo.

Caso a economia não volte a crescer já, e muito, haverá mais pobres no Brasil em 2018, ao fim do mandato oficial de Dilma, do que havia em 2005. Não existe nenhuma defesa para eles. Os serviços públicos que deveriam atendê-los estão quebrados pela falência múltipla do governo. Governo ruim é isso ─ incomoda a todos, mas esmaga o pobre.

A grande lenda viva no Brasil conta que Lula comandou “reformas sociais” de alto alcance. Que reformas? Desde que ele chegou à presidência, e até hoje, não houve nenhuma reforma social de verdade neste país ─ não as reformas que realmente mudam alguma coisa decisiva. Onde está a reforma da lei de propriedade imobiliária, que permitiria aos pobres tirar escritura dos espaços que ocupam ─ e a partir daí obter patrimônio, crédito e respeito? Está exatamente onde esteve antes de Lula e PT: no zero.

Não foi feito nada de sério na reforma da Previdência Social, uma aberração talvez sem paralelo no resto do mundo ─ 1 milhão de aposentados do setor público consomem mais dinheiro do governo, na hora em que o Erário paga os déficits perpétuos do sistema, do que 28 milhões de aposentados da área privada. Ao contrário: os reformadores sociais não admitem que seja feita a mínima mudança para reduzir a injustiça, turbinada pelo fato de que a Previdência, sozinha, gasta mais do que saúde, educação e programas sociais somados.

Jamais se fez uma reforma decente na saúde pública, que Lula já disse ser uma das “melhores do mundo” e na vida real é um dos piores insultos feitos pelo governo aos brasileiros que não têm dinheiro para pagar planos médicos privados. Estão entregues a hospitais sem anestesia para fazer operações, sem horário para consultas, sem vacinas para se defender das epidemias que nunca castigaram tanto a população como neste 14º ano de governos petistas.

No momento, por sinal, o Ministério da Saúde foi posto à venda como um saco de batatas por Lula e Dilma, em sua guerra ao impeachment. Só falam no atrativo de sua verba de “90 bilhões” em 2016. Quando dizem “Ministério da Saúde”, não pensam em saúde ─ pensam em dinheiro.

Que raio de reforma social estão fazendo aí ─ ou em qualquer outra área do governo que afeta diretamente a vida de quem nasceu no degrau errado da escala de renda? Não há força humana capaz de pôr no “Projeto” de Lula uma melhoria real da educação no Brasil, a única maneira conhecida de fazer com que os pobres saiam da pobreza e não voltem a ela.

Nada é tão potente para diminuir as desigualdades quanto o acesso à instrução de qualidade; ninguém consegue ganhar mais sabendo menos. Mas o “Projeto” ignora esse fato. Em vez de cumprirem sua obrigação de fornecer uma educação pública menos miserável a todos, os donos do governo criaram “cotas” ─ o que não ajuda em nada as dezenas de milhões de jovens brasileiros que nunca vão receber cota alguma.

Sobram, para ir ficando por aqui, os aumentos do salário mínimo, as estatísticas sobre um aumento de 130% acima da inflação, de 2003 a 2014, na renda dos 10% mais pobres da população, e o Bolsa Família.

Os aumentos reais do mínimo foram criação do governo Fernando Henrique. Os 130% foram, como citado, para os 10% mais pobres, e a renda desses 10% continua sendo uma das mais baixas do mundo ─ fizeram uma viagem da miséria à miséria.

O Bolsa Família é um programa de preservação da pobreza nacional; como um cidadão deixará um dia de ser pobre com 150 reais por mês? É isso, no fim das contas, a soma total do que o governo tem a mostrar como “conquistas sociais”. É, também, tudo o que Lula, Dilma e PT prometem daqui pra frente.

Estão vivendo o momento decisivo para escapar do impeachment e continuar mandando no Brasil ─ querem garantir que o país não correrá nenhum risco de mudança, nem hoje nem nunca.

O Brasil dá adeus a Lula


Marco Antonio Villa

Assistimos aos últimos dias do projeto criminoso no poder. O país padeceu durante treze anos de uma forma de ação política que associou o velho coronelismo tupiniquim ao leninismo – e com toques de um stalinismo tropical, mais suave, porém mais eficaz. Ainda não sabemos – dada a proximidade histórica – quais os efeitos duradouros deste tipo de domínio que levou à tomada do aparelho de Estado e de seus braços por milhares de funcionários-militantes, que transformaram a ação estatal em correia de transmissão do projeto petista, criminoso em sua ação e devastador na destruição do patrimônio nacional.

É nesta conjuntura – a mais grave da história do Brasil republicano – que as nossas instituições vão ser efetivamente testadas. Até o momento, uma delas, o Supremo Tribunal Federal, ainda não passou no exame. Muito pelo contrário. Inventou um rito de impeachment que viola a Constituição. Sim, viola a Constituição. Deu ao Senado o “direito” de votar se aceita a abertura de processo aprovada pela Câmara, o que afronta os artigos 51 e 52 da Constituição. E interferiu até na composição da comissão processante da Câmara. Pior deverá ser a concessão de foro privilegiado e, mais ainda, do cargo de ministro-chefe da Casa Civil a Luís Inácio Lula da Silva. Caso isso ocorra – e saberemos nesta semana – o STF deixará de ser um poder independente e passará a ser um mero puxadinho do Palácio do Planalto, uma Suprema Corte ao estilo da antiga URSS.

Ainda na esfera do STF, causa preocupação o seu protagonismo em um processo estritamente político como é o impeachment. Não cabe à Suprema Corte decidir o andamento interno e o debate congressual do impeachment. O STF não pode, em nenhuma hipótese, se transformar no Poder Moderador – de triste memória, basta recordar os artigos 98-101 da Constituição de 1824. E nem desempenhar o papel que o Exército teve nas crises políticas desde a proclamação da República até a promulgação da Constituição de 1988. Em outras palavras, o STF não pode ser a carta na mão de golpistas, que a colocam na mesa quando estão correndo risco de derrota. Judicializar o impeachment é agravar ainda mais a crise e jogar o país no caos social e político.

A solução do impasse político é no Parlamento – e com a participação das ruas. A manifestação de 13 de março – a maior da história do Brasil – impediu uma saída negociada do projeto criminoso do poder. O sinal das ruas foi claro: fora Dilma e Lula na cadeia. A estas duas palavras de ordem, as ruas reforçaram ainda mais a necessidade imperiosa de continuidade da Lava Jato até o final. O impulso popular levou o PMDB a mudar radicalmente de posição, basta recordar a dúbia decisão tomada a 12 de março – de independência – e a meteórica reunião de 29 de março, quando rompeu com o governo.

A participação das ruas na política brasileira inaugurou um novo momento na nossa história. É incrível o desinteresse da universidade em estudar o fenômeno representado, entre outros, pelos movimentos Vem pra Rua e Brasil Livre. Ao invés de enfrentar este desafio interpretativo, os docentes das instituições públicas organizam atos e manifestos em defesa de um governo corrupto, antibrasileiro e criminoso. É a apologia ao crime – e paga com dinheiro público.

A resposta do projeto criminoso de poder foi pífia. Tentou de todas as formas organizar manifestações para demonstrar que ainda domina as ruas e tem apoio popular. Fracassou. Mesmo utilizando-se de fartos recursos públicos, de partidos políticos, centrais sindicais pelegas e contando com setores da imprensa para inflar o número de participantes. Pior foram os comícios realizados no Palácio do Planalto. Nunca a sede do Executivo Federal assistiu aos tristes espetáculos de incitação à violência, de ameaça à propriedade privada e ao rompimento da ordem legal. E contando com a conivência de Dilma. Lula, o presidente de fato, optou por permanecer em uma suíte de hotel, em Brasília, de onde governa o Brasil, como se a ficção dos clássicos da literatura latino-americana – “A festa do bode”, de Mário Vargas Llosa, entre outros – fosse transformada em realidade.

Neste momento decisivo da vida nacional é necessário evitar cair nas armadilhas produzidas à exaustão pelo projeto criminoso de poder. Num dia insinuam que adotarão o Estado de Defesa (artigo 136 da Constituição), noutro que vão antecipar a eleição presidencial, depois que contam com um número confortável de deputados para impedir a abertura do processo de impeachment, ou que o Senado vai rejeitar a decisão da Câmara. E mais: que a saída de Dilma vai produzir uma grave crise social. Falácias. É o desespero, pois se avizinha – ainda neste mês – a derrota acachapante do petismo.

A hora do acerto de contas político está chegando. Manter o respeito à lei, à ordem e à Constituição é essencial. Lula – que é quem, de fato, vai ser “impichado” – agirá para desestabilizar o processo democrático, como se fosse um general abandonando território conquistado. Destruirá o que for possível destruir. Não deixará pedra sobre pedra – daí a necessidade da sua prisão, pois solto coloca em risco a ordem pública, desrespeita as instituições e ameaça o país com uma guerra civil. Quer transformar a sua derrota em um cataclismo nacional. Não vai conseguir. A desmoralização da política não pode chegar ao ponto de dar a ele o direito de decidir que vai incendiar o país. Ele sabe que, desta vez, como se diz popularmente, a crise não vai acabar em pizza – ou na rota do frango com polenta, em São Bernardo do Campo. Vai terminar em sushi.

quinta-feira, abril 14, 2016

O Banquete das Castanhas, uma orgia abençoada pelo Papa


O panavueiro  ajudou a criar a fama dos Bórgia e serviu para apontar a necessidade de reformas na Igreja

O Banquete das Castanhas, também conhecido como Banquete das Cortesãs ou Ballet das Castanhas, aconteceu no dia 30 de outubro de 1501, no Palácio Apostólico, no Vaticano, e se tornou famoso pelos excessos e extravagâncias.

O banquete foi organizado por Cesare Bórgia, filho do papa Alexandre VI. O próprio papa assistiu ao espetáculo onde cinquenta cortesãs estavam presentes para o entretenimento com cardeais e dos altos dignatários da igreja que foram convidados para o banquete.

Depois que a refeição terminou a diversão começou de verdade: as velas que iluminavam o ambiente foram apagadas ou colocadas no chão, onde castanhas foram espalhadas para serem recolhidas pelas prostitutas, que precisavam ficar de quatro para executar a tarefa.

Mas talvez o ponto alto do banquete tenha acontecido logo depois da história das castanhas, que deu nome ao evento. As prostitutas tiveram suas roupas leiloadas entre os cardeais que davam lances e compravam cada peça, até que todas as moças ficassem nuas.

Depois do leilão, os cardeais e as prostitutas nuas começaram a dançar e essa situação evoluiu até se transformar em uma orgia que durou toda a noite. Os cardeais que tiveram sexo com o maior número de prostitutas receberam prêmios, como pares de sapatos e chapéus.

William Manchester, no seu livro “Um Mundo Iluminado Apenas Pelo Fogo”, conta que “servos foram mantidos no ambiente para contar os orgasmos de cada homem”. Ele também conta como o papa ficou admirado com o espetáculo, pois media a masculinidade de um homem pela sua capacidade de ejacular. William continua dizendo que depois que todos estava exausto, Sua Santidade, o papa em pessoa, distribuiu os prêmios para os cardeais.

A escritora Barbara Tuchman também falou sobre o banquete das castanhas: “O papa presidiu a um banquete dado por Cesare no Vaticano, famoso nos anais da pornografia como o Balé das Castanhas. Segundo o sóbrio registro por Burchard, cinquenta cortesãs dançaram após o jantar com os convidados, a princípio vestidas, e, depois nuas.

Em seguida, os candelabros com velas acesas foram retirados das mesas e colocados no chão, espalhando-se castanhas em torno, as quais as cortesãs apanhavam, engatinhando de quatro em torno dos candelabros, enquanto o papa, Cesare e sua irmã Lucrécia assistiam.

Seguiu-se a copulação entre os convidados e as cortesãs, com prêmios na forma de finas túnicas e mantos de seda oferecidos para os que conseguiram realizar o ato mais vezes com as cortesãs.”

O banquete das castanhas aparece em uma cena do seriado “Os Bórgias”, que conta as histórias escandalosas da família Bórgia, com foco em Rodrigo Bórgia, o papa Alexandre VI.

Na cena do seriado, o banquete das castanhas foi visivelmente exagerado na medida em que freiras aparecem no banquete tendo suas vestes leiloadas.

Isso, provavelmente, não aconteceu de verdade, mas, também não torna o banquete das castanhas do mundo real um fato menos inusitado e gostosamente escandaloso.

Professora primária tira a roupa para ensinar anatomia humana


“Bonita anatomia, Fernandinha!”

Os alunos não tinham certeza do que esperar quando sua professora ficou na frente da sala de aula e, sem dizer uma palavra, começou a se despir.

O certo é que Debby Heerkens, uma professora de ginástica e biologia na escola Groene Hart Rijnwoude, na pequena cidade de Hazerswoude Dorp, Países Baixos, queria tentar uma abordagem mais criativa para ensinar uma lição sobre o corpo humano.

“No início, eles ficaram um pouco nervosos porque achavam que ‘a professora está ficando pelada’ até que viram o que estava por baixo”, disse Heerkens.

Quando ela tirou a roupa que estava por cima, seu corpo revelou outra roupa por baixo totalmente ilustrada com os detalhes do corpo humano.


 Em uma camada de roupa, ela apresentou a estrutura óssea do esqueleto e em outra caracterizou os órgãos internos.

O objetivo era ajudar os alunos a visualizar a complexa anatomia do corpo humano, ao mesmo tempo em que destacava seus órgãos essenciais.

Depois de ensinar por sete anos, Heerkens sentiu a necessidade de ser mais criativa com alguns de seus planos de aula para manter os alunos envolvidos.

Ela normalmente tenta incorporar livros e ferramentas interativas ao abordar temas densos.

Esta foi a primeira vez Heerkens utilizou-se de um traje específico para ensinar em uma classe de baixinhos.

Ela disse que os resultados foram positivos, mas que não vai continuar usando a mesma abordagem para as novas aulas de ciências.

Os punheteiros mirins devem ter ficado desolados...

Escreva você também para Miss Corações Solitários


Xico Sá

Miss Corações Solitários é uma velha cigana da Andaluzia – de lá veio rapariga em botão – e sentou praça na tenda do Lameiro, ali na subida do Crato (CE) para a chapada do Araripe. No momento, interrompe o justo gozo de férias, na Serra do Rola-Moça, Minas, para atender as almas aflitas que buscam o refrigério para os seus caritós.

Carta 01: Extremosa Senhora, mudei-me para o Sul Maravilha, desde então o banzo me acomete e entrei numa roda-viva de aproveitamento mútuo, ‘leitadas’ casuais que não preenchem meu vazio interior. O modus-vivendi daqui é deveras diferente do meu Recife, até paquerar tem sido um aprendizado. Gostaria de saber vossa abalizada opinião sobre meu momento atual e que caminhos devo seguir.

Queria muito um namorado pra dormir de pé enroscado, fazendo cafuné e até ganhar ursinho de pelúcia todo dia 12 de junho, mas tenho pena de maltratar Santo Antonio buscando, desde já, esses fins escusos.

Procuro uma alma gêmea na colônia de pernambucanos do Rio? Insisto com os cariocas, que parecem ter o item ‘galinhagem’ de série, de fábrica? Me conformo em ser fubanga? Agradeço desde já a vossa colaboração. Assinado: Macabéa versão século XXI.

P.S. – “Fubango’’ é um neologismo que aprendi aqui. Os adeptos da fubangagem têm até comunidade no Instagram. Os dicionários também contemplam o termo: Fubanga -1. Homem ou mulher que tem relações eventuais, sem compromissos, porém dentro dos mais rigorosos preceitos éticos com relação a seu par momentâneo.

Resposta da Miss: Boa alma macabéica, interrompo meu sossego e vos digo: a fugacidade afetivo-corpórea do carioca é realmente uma desgraça. Os mancebos do balneário fazem questão de manter esse pendor avícola, só curável com um bom par de chifres, diga-se. Afinal de contas só uma gaia bem posta humaniza esse tipo de bípede, seja ele de quaisquer plagas, paulista, pernambucano, mineiro, cearense... Nada contra a prática da fubangagem, segura na mão de Deus e vai. Cariño, M.C. Solitários.

Carta 02: O que a sábia e almodovariana senhora diria para uma mulher que acabou de se amancebar e quer manter o enlace a todo custo, mesmo casada com um traste, nesse mundão perdido, volúvel e sem porteira? Beijos, Valzinha, Belo Horizonte.

Resposta: Estimada consulente, aproveite o enlace para cometer a mais linda e nobre das pornografias: o sexo com intimidade. O mais é assombro e preconceito de frase feita ou filosofia de pára-choque. Evite as discussões de relação e os patins nos finais de semana; fuja da pizza delivery  mesmo nos dilúvios e tempestades – a mussarela em domicílio provoca o fastio da alcova. Evitem idem a pijamização dos pombinhos. O pijama, tenho dito, burocratiza o desejo, o pijama, meu coração, é o paletó de madeira do amor. Sem mais, despeço-me, atenciosamente, sua M.C. Solitários.

E o direito do Brasil à ampla defesa?



Fernão Lara Mesquita

Distribuir postos privilegiados de tocaia ao dinheiro público a perseguidos pela polícia; contratar explicitamente o assalto ao Estado de amanhã para comprar a impunidade pelo assalto ao Estado de ontem; distribuir dinheiro, cargos e até ministérios, como os da Saúde e da Educação, não com a desculpa da “governabilidade”, como de hábito, mas declaradamente para salvar Dilma Rousseff de responder por seus atos?

Se não tivesse havido crime nenhum até esse momento – que houve –, aí está mais um flagrante de “desvio de finalidade” pra ninguém botar defeito.

Assim como não entendem o sentido de democracia, institucionalidade e interesse público, Dilma Rousseff e o PT nunca entenderam a natureza desta crise. Não custa repetir: a vitória sobre a regra é a crise; a garantia da vitória da regra, sempre, é o único antídoto para a crise.

Releve-se o acinte dos berros de “golpe”. Vamos que tudo isso “dê certo”; que todos os gatos de Lula e Dilma sejam vendidos por lebres não porque tenham deixado de ser gatos, mas porque os “seus” juristas e legisladores consigam impor uma lei determinando que gato passe a ser chamado de lebre. A confiança se restabelece? Desaparece o buraco? A economia retoma a sua marcha? Pois é. Cada vez que o PT comemora o “sucesso” de mais uma operação de uso da lei para driblar a lei e das instituições para destruir as instituições, mais irreversivelmente ele se descredencia para reverter a crise de confiança e liderar a ressurreição da economia.

Ao definir-se entre a véspera e o dia seguinte de uma eleição para o cargo máximo de um regime de representação como o avesso do que vendeu aos seus representados, Dilma Rousseff selou o seu destino. Teve uma oportunidade de remissão quando deu a Joaquim Levy a encomenda de desfazer o que tinha feito, mas a tentativa esvaiu-se na implacável determinação do PT de não retroceder um centímetro no território ocupado do Estado brasileiro.

Tudo o que aconteceu desde então tem sido um desperdício criminoso no altar de um delírio de poder antidemocrático e de uma arrogância doentia cujas falsas expectativas ninguém menos que o STF tem contribuído para alimentar. Tudo tem sido tratado como se só o que estivesse em causa fossem os direitos individuais de Dilma Vana Rousseff, e não os dos 204 milhões de brasileiros cuja obra de vida está sendo destroçada.

A estes se nega liminarmente o direito à “ampla defesa”, em nome da qual a continuação de todos os “crimes difusos” tem sido justificada, apesar dos flagrantes sucessivos da polícia. Única instituição com poder de definir limites para essa obra de desconstrução, o STF – seja quando provocado, seja por iniciativa individual de ministros que não se mostram à altura da instituição – tem produzido invariavelmente o efeito de empurrar sempre para mais longe as margens do atoleiro eventualmente alcançadas.

A discussão bizantina sobre se é crime ou não é crime destruir um país mediante o meticuloso processo com que se preparou passo a passo, com dolo e com cálculo, o terreno para o logro que foi esta eleição, revelado na minuciosa reconstituição dos fatos pela polícia, só permanece em pé graças aos sucessivos “habeas corpus” que têm sido concedidos às formalidades capengas por baixo das quais se esconde a mais rasteira e, graças a eles, reiterada má-fé.

Não é por acaso que o surrado expediente batizado nesta reedição extemporânea como “pedaladas fiscais” está exatamente descrito e tipificado como crime em todas as legislações democráticas do mundo, assim como na Lei de Responsabilidade Fiscal brasileira. Levar um país à desestruturação fiscal para comprar poder e privilégios para uma casta é o maior e o mais velho dos crimes.

O Brasil sabe por experiência própria que é assim que se arrasa a esmo a economia das famílias, destrói a obra e compromete-se o futuro de gerações inteiras. Manter tais processos ocultos mediante a falsificação de contas, a mentira e o terrorismo verbal é tão imperdoável quanto detectar um câncer num paciente, mas declará-lo são e proibir que seja tratado até que seja tarde demais para curá-lo.

O isolamento geográfico e institucional de Brasília é um dado essencial da tragédia brasileira. Fosse a capital da República aqui no país dos 10 milhões de desempregados só pelo aperitivo do desastre que se está armando e os palácios já estariam cercados. Mas lá, onde os empregos nunca se extinguem, os salários sobem por decurso de prazo e as aposentadorias valem 33 vezes o que valem as nossas, soa razoável que venham de dentro deles, e aos berros, as ameaças de “pegar em armas” contra a ralé que reclama por pagar com miséria por tais “direitos adquiridos”.

Os milhões de epopeias e dramas que constituem a carne e os ossos de tudo o que se abriga por baixo da expressão “economia brasileira” simplesmente não repercutem naquele mundo onde é no grito, quando não na “mão grande”, que se ganha a vida e todo argumento racional se dissolve no liquidificador do silogismo formalista.

Um tanto tardiamente a parte sadia do Congresso esboça uma reação. Mas para além da responsabilização de quem cometeu crime de responsabilidade sem a qual a economia não voltará a respirar, esta crise põe novamente em tela a urgência da mudança essencial pela qual o Brasil terá de passar se quiser um lugar num mundo que não tolera mais meias medidas.

Para garantir que os representantes dentro do nosso sistema de decisões de fato ajam no interesse de seus representados é preciso transferir o direito à última palavra sobre os destinos da coletividade das mãos de grupos delimitados cooptáveis que vivem numa redoma de privilégio para as dos próprios interessados mediante a tecnologia do voto distrital com recall, que põe esse poder nas mãos do conjunto dos eleitores e separa as verdadeiras democracias dos regimes obsoletos de servidão, mentira e exploração da miséria.

Dentro do ataúde, a mulher grita


Valentina de Botas

Para quem uma mulher se veste? Para si mesma, o que inclui os homens e as outras mulheres. Mas evitemos generalizações: isso não se aplica a todas as mulheres, claro, somente àquelas que veem alguma graça na vida, que catam uma felicidade mínima aqui, outra ali, em instantes do cotidiano.

As mulheres e os homens mais próximos da presidente têm problemas com a lei: Erenice Guerra é investigada na Zelotes, Lula e Mercadante serão presos, Gim Argello acaba de ser preso, José Eduardo Cardozo será processado, Fernando Pimentel será cassado e ela mesma não se sente muito bem com os últimos gestos de Rodrigo Janot que finalmente descobriu que Eduardo Cunha não é o único nem o mais grave de todos os gravíssimos casos de polícia debaixo do nariz do Procurador-Geral.

Entretanto, isso nem é o pior para a governante durona diluída em crimes que vê pelas costas os partidos governistas se afastando de certo caixão que carregaram até a beirada da sepultura.

Dentro do ataúde, a mulher grita. Grita denunciando o vice-presidente por exercer as funções políticas e institucionais dele; acusando talvez mais de 2/3 dos brasileiros de golpistas que ela vitimou; queixando-se de um golpe do Congresso obediente ao rito que o próprio governo encomendou no Supremo Tribunal Federal ao custo de uma interpretação malandra da Constituição e da fraude ao regimento interno da Câmara resultando no prolongamento inútil do transe do país.

Ainda se debatendo em delinquências diárias no interior do esquife, repete, sempre aos gritos a lhe deformar as feições desgraciosas e os modos democráticos ausentes, que foi eleita-pelo-voto-popular como se não soubéssemos que só conseguiu isso fazendo o diabo: com fraudes, extorsão, propinas. E como se o voto que não imunizou Collor quando sofreu impeachment e que não impediu o PT de pedir o afastamento de Itamar Franco e FHC, pudesse imunizá-la contra a lei.

A escalada de crimes para preservar o poder mantém o governo nessa putrefação pública que poderia ser evitada se – e aqui, creio, reside a desgraça de Dilma Rousseff do ponto de vista pessoal – um dos homens ou das mulheres próximas da presidente tivesse, não digo honestidade que já é demais, mas alguma temperança para fazê-la saber que há limites para a falta de limites. 

Mas a insanidade mal calculada e a parvoíce eficiente não a fazem burra: Dilma sabe que sabemos que ela sabe que termina – domingo no Congresso (detestado pela mulherzinha de alma tirana na crença de que poderia e mesmo tinha o direito de governar sozinha) e, mais tarde, na cadeia – a mais sórdida mentira já havida num Brasil que terá visto de tudo quando os poderosos mentores e patronos dela ainda livres forem para cadeia porque, ricos ou pobres de origem, não são nem elite nem povo, mas escória.

No próximo domingo, a irascível czarina da roubalheira vestirá a mortalha do impeachment. Para quem? Será obrigada legalmente a fazê-lo por e para homens e mulheres indignados num país destruído que terá dado o primeiro passo para se refazer, ainda zonzo com a nova ordem que ele mesmo inaugura.

quarta-feira, abril 13, 2016

Coisas sobre sexo que você nunca quis saber, mas que eu faço questão de divulgar (1)


Sexo é mais antigo do que se possa imaginar. É verdade que, ainda assim, tem aqueles que juram que nunca se transou tanto, se fez tanta sacanagem, se chupou tanta laranja, se afogou tanto o ganso quanto nesses novos tempos das mídias sociais. 

Alguns registros históricos, entretanto, servirão para provar que o nosso conhecimento é apenas contemporâneo e que os antigos sabiam a respeito tanto quanto (ou mais do que) nós, simples cavaleiros templários deste novo mundo dominado pelos finders da vida. Atention, please!

TUDO PELO TESÃO – O imperador Tibério tinha uma ilha, como lugar próprio para orgias. Quando começou a sentir o peso da idade, o rei romano levava grupos de moças e moços para trepar num imenso salão. As cenas deveriam despertar o vulcão adormecido. Ele gostava de olhar bem de perto, de acariciar os rapazes e as menininhas. Quando ficava com tesão, ele então comia a bunda dos soldados de Roma. Depois, era enrabado e gozava aos berros.

MUITO DAQUILO – Alexandre, o Grande, um dos maiores reis da Antiguidade, morreu de esgotamento em 323 AC, aos 32 anos, de tanto trepar.

BRINQUEDO ANTIGO – O arqueólogo inglês Timothy Taylor defendeu a tese de que o sexo na Pré-história não tinha por finalidade só a reprodução, mas principalmente o prazer. Sua afirmação tem como base objetos paleolíticos que apresentam, por exemplo, figuras de mulheres se masturbando ou dois pênis esculpidos em pedras, muito semelhantes aos atuais vibradores. E ainda hoje há quem diga que isso não tem utilidade.

TAMANHO CHINÊS – Os chineses de antes de Cristo já se preocupavam com o tamanho do pênis. Algas marinhas misturadas com extrato de fígado de cachorro branco, aplicadas três vezes ao dia, aumentavam o tamanho do pênis em três polegadas, o equivalente a seis centímetros.

FAVOR DIVINO – Na alta antiguidade e em algumas civilizações não era permitido ao marido deflorar sua esposa. Na Idade Média, era comum os padres e nobres resolverem esse problema, comendo pela primeira vez a mulher do próximo. Ave Maria!

SUBIU, CANTOU – Durante o século XI surgiu a punição através do canto de salmos penitenciais. O homem que tivesse ejaculação noturna deveria levantar-se em seguida e entoar sete salmos. E durma-se com um barulho desses...

UMA POR HORA – Cerca de um século depois de Cleópatra, Messalina se tornou a grande ninfomaníaca de seu tempo. A esposa do imperador romano Cláudio converteu-se, durantes as ausências de seu marido nas guerras, na mais notória prostituta de Roma. Há registro, inclusive, de uma prova de tesão disputada entre Messalina e outra fogosa da época. Messalina venceu, pois fornicou 25 vezes no espaço de 24 horas.

REZA NO COLCHÃO – Em 567 DC, o Concílio de Tours decidiu que dois padres não poderiam dormir na mesma cama. Entenderam que a ocasião é que faz o ladrão...

LÚXÚRIA ATÉ O FIM – A rainha Zíngua, no século XVII, em Angola, mantinha grandes haréns de homens. Às vezes organizava batalhas de morte entre os guerreiros, sendo que o vencedor adquiria o direito de levá-la para a cama. Algumas vezes fazia amor com um homem durante uma noite inteira, para na manhã seguinte ordenar sua morte. A rainha Zíngua continuou sua sangrenta lúxuria sexual até os 77 anos, quando se converteu ao catolicismo e parou de fornicar. Mas, pô, quem ainda querer comer aquele bagulho?...

COMEDOR DA CORTE – Documentos recentemente descobertos na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro dão provas definitivas de que D. Pedro II era mesmo um dos bons de cama da corte. A pesquisa mostra cartas, bilhetes, fotografias e confirma que ele chegou a conviver com cinco diferentes amantes ao mesmo tempo, enquanto estava casado com Dona Theresa Cristina Maria. Para justificar suas escapadas, o imperador argumentava que sua esposa era manca, vesga, gorda e baixinha. Incomestível, portanto, como diria um ex-ministro.

BICHA VELHA – A descoberta de uma múmia nos Alpes austríacos, em 1991, com idade estimada em 5 mil anos, chamou a atenção pelo seu reduzido pênis e resquícios de sêmen em seu reto. De repente, os pesquisadores se deram conta que estavam diante do primeiro ancestral gay de que se tem notícia. Uia!

PORCO SEGURO – Numa antiga mina de sal de Hallsteins, na Áustria, foi encontrado um preservativo com data estimada de 2.500 anos. A descoberta é dos pesquisadores alemães da Universidade de Marbugo. Eles identificaram como bexiga de porco o material utilizado na confecção da camisinha.

GRANDE E GULOSA – Catarina, a Grande, quando se casou com Pedro III, escandalizou a corte russa com sua sexualidade insaciável. Confessou publicamente que mantinha relações sexuais seis vezes ao dia e ainda possuía 21 amantes “oficiais”. Os historiadores afirmam que o número de amantes “não oficiais” passava de 100. A czarina russa era do ramo...

França é o quinto país da Europa a punir os clientes das prostitutas


Prostitutas de Paris protestam contra nova lei que pune clientes

Na semana passada, a França aderiu ao grupo de países europeus que punem os clientes de prostitutas, uma medida polêmica que tem sido alvo de debates e divide tanto a classe política como as associações de proteção das prostitutas.

O texto, aprovado de maneira definitiva pela Assembleia Nacional (Câmara Baixa), estabelece que “a compra de atos sexuais será punida com uma multa de 1.500 euros, e até 3.500 em caso de reincidência”.

Está prevista a possibilidade de uma pena complementar, consistente em uma formação obrigatória para conscientizar sobre as condições da prostituição.

Todos os países europeus castigam o proxenetismo, mas a França é apenas o quinto a punir os clientes das prostitutas, depois da Suécia, o primeiro país a fazer isso em 1999, e da Noruega, Islândia e o Reino Unido.

Segundo estimativas oficiais, na França há entre 30 mil e 40 mil prostitutas, em sua maioria estrangeiras, originárias da Europa Oriental, África, China e América Latina.

O tema foi alvo de polêmica e divisões. Para os partidários, a punição dos clientes ajuda a dissuadir a demanda e torna as prostitutas vítimas e não delinquentes. Para os opositores sancionar os clientes coloca as prostitutas em perigo, pois ficarão mais isoladas.

O texto já havia passado pelo Senado, onde foi rejeitado, e voltou pela quarta vez à câmara baixa, que tinha a palavra final, segundo explica o jornal “Le Monde”.

Durante a votação, foi realizada uma manifestação das profissionais do sexo que exibiam cartazes onde se lia “Clientes penalizados, putas assassinadas”.

Os sotaques do Bumba-meu-boi do Maranhão


Diferente dos bois bumbás de Manaus, Parintins e Belém, que utilizam praticamente a mesma cadência melódica nas toadas, os grupos de Bumba-meu-boi do Maranhão são divididos em sotaques (estilos, formas e expressões): Sotaque de Matraca, Sotaque de Zabumba, Sotaque de Orquestra, Sotaque de Costa-de-Mão e Sotaque da Baixada.

A série “Sotaques do Bumba-meu-boi”, do Repórter Maranhão, da TV Brasil, mostra com bastante clareza as origens dos sotaques e como um desses sotaques foi parar no Amazonas e Pará para se transformar no nosso conhecido boi bumbá.

Sotaque de Matraca

Vindo de São Luís, tem como principal instrumento a matraca, dois pedaços de madeira e o pandeiro rústico. O sotaque de Matraca tem um ritmo frenético e contagiante. 


Sotaque de Zabumba

O sotaque de zabumba, é marcado pela presença da percussão rústica e cadenciada. Usam roupas aveludadas, saias bordadas e chapéus com fitas. Teve sua origem na região de Guimarães e arredores.


Sotaque de Orquestra

Tem origem na região de Munim. Utiliza instrumentos de sopro e corda. Os participantes usam trajes de veludo com bordados e miçangas.


Sotaque de Costa de Mão

Tem origem na região de Cururupu, tem um ritmo cadenciado ao som de pandeiros tocados com as costas da mão, caixas e maracás. As roupas também têm bordados em calças e casacos e seus chapéus em cogumelo funil são adornados com flores.


Sotaque da Baixada

Tem o som mais leve e suave, com pandeiros e matracas. As roupas vem com penas e bordados em base de veludo e chapéus de fitas. O Cazumba, bicho e homem são personagens característicos desse sotaque.

segunda-feira, abril 11, 2016

Resistir é Preciso: a Imprensa Alternativa enfrenta a Ditadura Militar


Está em cartaz no History Channel 2 (ou H2, como é chamado) um documentário em série sobre a imprensa alternativa na ditadura militar: Resistir é Preciso.

Dividido em dez episódios, o documentário é uma produção da TV Brasil, em parceria com a TC Filmes, TVM, e com apoio do Instituto Vladimir Herzog.

Narrada e apresentada pelo ator Othon Bastos, a série traz depoimentos e material historiográfico de jornalistas que atuaram em três frentes de combate à ditadura militar: a imprensa alternativa, a imprensa clandestina e a imprensa que atuava no exílio.

PifPaf, Pasquim, Movimento, Opinião, Versus, Coojornal, Porantim, Varadouro, Em Tempo, Repórter, De Fato, Lampião e Ex são alguns dos jornais alternativos apresentados na série.

Para relembrar e construir essas histórias, Resistir é Preciso conta com depoimentos de grandes nomes do jornalismo da época como Alex Solnik, Raimundo Pereira, Juca Kfouri, Laerte, Ziraldo, Audálio Dantas, Paulo Moreira Leite, José Hamilton Ribeiro, Bernardo Kucinsky, Tonico Ferreira, Antônio Candido e muitos outros.

Através deles conhecemos as dificuldades de produção da época, as perseguições da censura militar e a manobras para manter os jornais em circulação. O Porantim, por exemplo, era feito em um porão da Arquidiocese de Manaus, ali na Av. Joaquim Nabuco, em uma sala pertencente ao Grupo Kukuro de Defesa da Causa Indígena, capitaneado pelo saudoso Ricardo Parente.

O primeiro episódio começa em 21 de maio de 1964, somente 51 dias após o golpe militar de 1º de abril, quando o jornalista Millôr Fernandes colocava nas bancas do Rio de Janeiro a revista PifPaf, com colaboradores que formavam a nata carioca dos jornalistas, escritores, intelectuais e cartunistas da época: Sérgio Porto, Rubem Braga, Antônio Maria, Ziraldo, Claudius, Fortuna, Jaguar, etc.

Nos dez episódios da série são citadas quase 100 publicações, desde as mais importantes, como os jornais Pasquim, Opinião e Movimento, passando pelos jornais estudantis, de comunidades e sindicatos, incluindo jornais do Acre, Amazonas, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande Sul.

O documentário busca destacar o papel importante que a imprensa regional e independente desempenhou durante a ditadura militar, papel este pouco conhecido pelas novas gerações.

Há mais de 50 entrevistas com os protagonistas desta história. Um documentário imperdível para quem ama jornalismo.











domingo, abril 10, 2016

A poesia erótica e satírica de Bernardo Guimarães


Duda Machado

Uma dupla condenação vem mantendo a poesia erótica e satírica e os poemas humorísticos de Bernardo Guimarães (1825-1884) longe dos leitores e do lugar de destaque que merecem.

De um lado, um juízo crítico equivocado subestima a parte mais viva de sua obra poética em nome de critérios que privilegiam a eloquência sentimental e a dicção indianista do romantismo brasileiro.

De outro lado, uma inexplicável e espantosa atitude de consentimento à censura vem confinando – há mais de 140 anos – a publicação de poemas como “Elixir do Pajé” e “A Origem do Mênstruo” a edições clandestinas cada vez mais raras.

Nas últimas décadas, a criativa linguagem de humor e sátira de Bernardo Guimarães vem sendo devidamente reavaliada por poetas e críticos como Haroldo de Campos, Luiz Costa Lima e Flora Sussekind.

No entanto, o sabor desta poesia continua ignorado pelos leitores. Divulga-lo é parte imprescindível de sua reavaliação.

A qualidade de poemas como os dois citados anteriormente e mais “A Orgia dos Duendes” supera amplamente a maior parte da produção do romantismo brasileiro, tão débil e tão divulgado.
Mais ainda: estes poemas – ao lado de muitas outras peças de humor e bestialógico – constituem a mais divertida e consistente crítica às debilidades e convenções deste romantismo.

A linguagem destes poemas – marcada pelo humor, pela paródia e pela sátira – é uma inventiva demolição de temas, clichês e convenções poéticas. E, deste ângulo, dialoga à sua maneira com parte essencial do modernismo brasileiro.

Publicado no dia 7 de maio de 1875, numa impressão clandestina feita em Ouro Preto (MG), “Elixir do Pajé” tem como alvo o ritmo e a retórica de Gonçalves Dias em poemas como “I-Juca Pirama” e “Os Timbiras”, expressões máximas da imagem sublime do índio.

Só em Oswald de Andrade (“O Santeiro do Mangue”) e Gregório de Matos encontra-se algo próximo a esta grossa prosa de palavrões, erotismo satírico e escatológico, tramada em tão inventiva poesia antipoética.

Por fim, um lembrete: Bernardo Guimarães, o autor desta “Trilogia Sacana”, é em tudo avesso ao romancista que ganhou fama com o clássico “A Escrava Isaura”.

A Origem do Mênstruo


Bernardo Guimarães

(De uma fábula inédita de Ovídio, achada nas escavações de Pompéia e vertida em latim vulgar por Simão de Nuntua)

Stava Vênus gentil junto da fonte
fazendo o seu pentelho,
com todo o jeito, pra que não ferisse
das cricas o aparelho.
Tinha que dar o cu naquela noite
ao grande pai Anquises,
o qual, com ela, se não mente a fama,
passou dias felizes...

Rapava bem o cu, pois resolvia
na mente altas idéias:
– ia gerar naquela heróica foda
o grande e pio Enéias.

Mas a navalha tinha o fio rombo,
e a deusa, que gemia,
arrancava os pentelhos e, peidando,
caretas mil fazia!

Nesse entretanto, a ninfa Galatéia,
acaso ali passava,
e vendo a deusa assim tão agachada,
julgou que ela cagava...

Essa ninfeta travessa e petulante
era de gênio mau,
e por pregar um susto à mãe do Amor
atira-lhe um calhau...

Vênus se assusta. A Branca mão mimosa
se agita alvoroçada,
e no cono lhe prega (oh! caso horrendo!)
tremenda navalhada.

Da nacarada cona, em sutil fio,
corre pupúrea veia,
e nobre sangue do divino cono
as águas purpureia...

 (É fama que quem bebe dessas águas
jamais perde a tesão
e é capaz de foder noites e dias,
até no cu de um cão!)

– “Ora porra” – gritou a deusa irada,
e nisso o rosto volta...
E a ninfa, que conter-se não podia,
uma risada solta.

A travessa menina mal pensava
que, com tal brincadeira,
ia ferir a mais mimosa parte
da deusa regateira...

– “Estou perdida!” – trêmula murmura
a pobre Galatéia,
vendo o sangue correr do róseo cono
da poderosa déia...

Mas era tarde! A Cípria, furibunda,
por um momento a encara,
e, após instantes, com severo acento,
nesse clamor dispara:

“Vê! Que fizeste, desastrada ninfa,
que crime cometeste!
Que castigo há no céu, que punir possa
um crime como este?!

Assim, por mais de um mês inutilizas
o vaso das delícias...
E em que hei de gastar das longas noites
as horas tão propícias?

Ai! Um mês sem foder! Que atroz suplício...
Em mísero abandono,
que é que há de fazer, por tanto tempo,
este faminto cono?...

Ó Adonis! Ó Júpiter potentes!
E tu, mavorte invito!
E tu, Aquiles! Acudi de pronto
da minha dor ao grito!

Este vaso gentil que eu tencionava
tornar bem fresco e limpo
para recreio e divinal regalo
dos deuses do Alto Olimpo.

Vede seu triste estado, ó! Que esta vida
em sangue já se esvai-me!
Ó Deus, se desejais ter foda certa
vingai-vos e vingai-me!

Ó ninfa, o teu cono sempre atormente
perpétuas comichões,
e não aches quem jamais nele queira
vazar os seus colhões...

Em negra podridão imundos vermes
roam-te sempre a crica
e à vista dela sinta-se banzeira
a mais valente pica!

De eterno esquentamento flagelada,
verta fétidos jorros,
que causem tédio e nojo a todo mundo,
até mesmo aos cachorros!”

Ouviu-lhe estas palavras piedosas
do Olimpo o Grão-Tonante,
que em pívia ao sacana do Cupido
comia nesse instante...

Comovido no íntimo do peito,
das lástimas que ouviu,
manda ao menino que, de pronto, acuda
a puta que o pariu...

Ei-lo que, pronto, tange o veloz carro
de concha alabastrina,
que quatro aladas porras vão tirando
na esfera cristalina

Cupido que as conhece e as rédeas bate
da rápida quadriga,
co'a voz ora as alenta, ora co'a ponta
das setas as fustiga.

Já desce aos bosques onde a mãe, aflita,
em mísera agonia,
com seu sangue divino o verde musgo
de púrpura tingia...

No carro a toma e num momento chega
à olímpica morada,
onde a turba dos deuses, reunida,
a espera consternada!

Já Mercúrio de emplastros se a aparelha
para a venérea chaga,
feliz porque naquele curativo
espera certa a paga...

Vulcano, vendo o estado da consorte,
mil pragas vomitou...
Marte arranca um suspiro que as abóbadas
celestes abalou...

Sorriu o furto a ciumenta Juno,
lembrando o antigo pleito,
e Palas, orgulhosa lá consigo,
resmoneou: – “Bem-feito!”

Coube a Apolo lavar dos roxos lírios
o sangue que escorria,
e de tesão terrível assaltado,
conter-se mal podia!

Mas, enquanto se faz o curativo,
em seus divinos braços,
Jove sustém a filha, acalentando-a
com beijos e com abraços.

Depois, subindo ao trono luminoso,
com carrancudo aspecto,
e erguendo a voz troante, fundamenta
e lavra este DECRETO:

– “Suspende, ó filha, os lamentos justos
por tão atroz delito,
que no tremendo Livro do Destino
de há muito estava escrito.

Desse ultraje feroz será vingado
o teu divino cono,
e as imprecações que fulminaste
agora sanciono.

Mas, inda é pouco: – a todas as mulheres
estenda-se o castigo
para expiar o crime que esta infame
ousou para contigo...

Para punir tão bárbaro atentado,
toda humana crica,
de hoje em diante, lá de tempo em tempo,
escorra sangue em bica...

E por memória eterna chore sempre
o cono da mulher,
com lágrimas de sangue, o caso infando,
enquanto mundo houver...”

“Amém! Amém!”, com voz atroadora
os deuses todos urram!
E os ecos das olímpicas abóbadas,
“Amém! Amém!”, sussurram... 

A Orgia dos Duendes


Bernardo Guimarães

                    I
Meia-noite soou na floresta
No relógio de sino de pau;
E a velhinha, rainha da festa,
Se assentou sobre o grande jirau.

Lobisome apanhava os gravetos
E a fogueira no chão acendia,
Revirando os compridos espetos,
Para a ceia da grande folia.

Junto dele um vermelho diabo
Que saíra do antro das focas,
Pendurado num pau pelo rabo,
No borralho torrava pipocas.

Taturana, uma bruxa amarela,
Resmungando com ar carrancudo,
Se ocupava em frigir na panela
Um menino com tripas e tudo.

Getirana com todo o sossego
A caldeira da sopa adubava
Com o sangue de um velho morcego,
Que ali mesmo co’as unhas sangrava.

Mamangava frigia nas banhas
Que tirou do cachaço de um frade
Adubado com pernas de aranha,
Fresco lombo de um frei dom abade.

Vento sul sobiou na cumbuca,
Galo-Preto na cinza espojou;
Por três vezes zumbiu a mutuca,
No cupim o macuco piou.

E a rainha co’as mãos ressequidas
O sinal por três vezes foi dando,
A corte das almas perdidas
Desta sorte ao batuque chamando:

"Vinde, ó filhas do oco do pau,
Lagartixas do rabo vermelho,
Vinde, vinde tocar marimbau,
Que hoje é festa de grande aparelho.

Raparigas do monte das cobras,
Que fazeis lá no fundo da brenha?
Do sepulcro trazei-me as abobras,
E do inferno os meus feixes de lenha.

Ide já procurar-me a bandurra
Que me deu minha tia Marselha,
E que aos ventos da noite sussura,
Pendurada no arco-da-velha.

Onde estás, que inda aqui não te vejo,
Esqueleto gamenho e gentil?
Eu quisera acordar-te c’um beijo ]
Lá no teu tenebroso covil.

Galo-preto da torre da morte,
Que te aninhas em leito de brasas,
Vem agora esquecer tua sorte,
Vem-me em torno arrastar tuas asas.

Sapo-inchado, que moras na cova
Onde a mão do defunto enterrei,
Tu não sabes que hoje é lua nova,
Que é o dia das danças da lei?

Tu também, ó gentil Crocodilo,
Não deplores o suco das uvas;
Vem beber excelente restilo
Que eu do pranto extraí das viúvas.

Lobisome, que fazes, meu bem
Que não vens ao sagrado batuque?
Como tratas com tanto desdém,
Quem a c’roa te deu de grão-duque?”
 
                    II

Mil duendes dos antros saíram
Batucando e batendo matracas,
E mil bruxas uivando surgiram,
Cavalgando em compridas estacas.

Três diabos vestidos de roxo
Se assentaram aos pés da rainha,
E um deles, que tinha o pé coxo,
Começou a tocar campainha.

Campainha, que toca, é caveira
Com badalo de casco de burro,
Que no meio da selva agoureira
Vai fazendo medonho sussurro.

Capetinhas, trepados nos galhos
Com o rabo enrolado no pau,
Uns agitam sonoros chocalhos,
Outros põem-se a tocar marimbau.

Crocodilo roncava no papo
Com ruído de grande fragor:
E na inchada barriga de um sapo
Esqueleto tocava tambor.

Da carcaça de um seco defunto
E das tripas de um velho barão,
De uma bruxa engenhosa o bestunto
Armou logo feroz rabecão.

Assentado nos pés da rainha
Lobisome batia a batuta
Co’a canela de um frade, que tinha
Inda um pouco de carne corruta.

Já ressoam timbales e rufos,
Ferve a dança do cateretê;
Taturana, batendo os adufos,
Sapateia cantando — o le rê!

Getirana, bruxinha tarasca,
Arranhando fanhosa bandurra,
Com tremenda embigada descasca
A barriga do velho Caturra.

O Caturra era um sapo papudo
Com dous chifres vermelhos na testa,
e era ele, a despeito de tudo,
O rapaz mais patusco da festa.

Já no meio da roda zurrando
Aparece a mula-sem-cabeça,
Bate palmas, a súcia berrando
— Viva, viva a Sra. Condessa!...

E dançando em redor da fogueira
vão girando, girando sem fim;
Cada qual uma estrofe agoureira
Vão cantando alternados assim:

                    III

TATURANA

Dos prazeres de amor as primícias,
De meu pai entre os braços gozei;
E de amor as extremas delícias
Deu-me um filho, que dele gerei.

Mas se minha fraqueza foi tanta,
De um convento fui freira professa;
Onde morte morri de uma santa;
Vejam lá, que tal foi esta peça.
 
GETIRANA

Por conselhos de um cônego abade
Dous maridos na cova soquei;
E depois por amores de um frade
Ao suplício o abade arrastei.

Os amantes, a quem despojei,
Conduzi das desgraças ao cúmulo,
E alguns filhos, por artes que sei,
Me caíram do ventre no túmulo.
 
GALO-PRETO

Como frade de um santo convento
Este gordo toutiço criei;
E de lindas donzelas um cento
No altar da luxúria imolei.

Mas na vida beata de ascético
Mui contrito rezei, jejuei,
Té que um dia de ataque apoplético
Nos abismos do inferno estourei.
 
ESQUELETO

Por fazer aos mortais crua guerra
Mil fogueiras no mundo ateei;
Quantos vivos queimei sobre a terra,
Já eu mesmo contá-los não sei.

Das severas virtudes monásticas
Dei no entanto piedosos exemplos;
E por isso cabeças fantásticas
Inda me erguem altares e templos.
 
MULA-SEM-CABEÇA

Por um bispo eu morria de amores,
Que afinal meus extremos pagou;
Meu marido, fervendo em furores
De ciúmes, o bispo matou.

Do consórcio enjoei-me dos laços,
E ansiosa quis vê-los quebrados,
Meu marido piquei em pedaços,
E depois o comi aos bocados.

Entre galas, veludo e damasco
Eu vivi, bela e nobre condessa;
E por fim entre as mãos do carrasco
Sobre um cepo perdi a cabeça.
 
CROCODILO

Eu fui papa; e aos meus inimigos
Para o inferno mandei c’um aceno;
E também por servir aos amigos
té nas hóstias botava veneno.

De princesas cruéis e devassas
Fui na terra constante patrono;
Por gozar de seus mimos e graças
Opiei aos maridos sem sono.

Eu na terra vigário de Cristo,
Que nas mãos tinha a chave do céu,
Eis que um dia de um golpe imprevisto
Nos infernos caí de boléu.
 
LOBISOME

Eu fui rei, e aos vassalos fiéis
Por chalaça mandava enforcar;
E sabia por modos cruéis
As esposas e filhas roubar.

Do meu reino e de minhas cidades
O talento e a virtude enxotei;
De michelas, carrascos e frades
Do meu trono os degraus rodeei.

Com o sangue e suor de meus povos
Diverti-me e criei esta pança,
Para enfim, urros dando e corcovos,
Vir ao demo servir de pitança.
 
RAINHA

Já no ventre materno fui boa;
Minha mãe, ao nascer, eu matei;
E a meu pai, por herdar-lhe a coroa
Eu seu leito co’as mãos esganei.

Um irmão mais idoso que eu,
C’uma pedra amarrada ao pescoço,
Atirado às ocultas morreu
Afogado no fundo de um poço.

Em marido nenhum achei jeito;
Ao primeiro, o qual tinha ciúmes,
Uma noite co’as colchas do leito
Abafei para sempre os queixumes.

Ao segundo, da torre do paço
Despenhei por me ser desleal;
Ao terceiro por fim num abraço
pelas costas cravei-lhe um punhal.

Entre a turba de meus servidores
Recrutei meus amantes de um dia;
Quem gozava meus régios favores
Nos abismos do mar se sumia.

No banquete infernal da luxúria
Quantos vasos aos lábios chegava,
Satisfeita aos desejos a fúria,
Sem piedade depois os quebrava.

Quem pratica proezas tamanhas
Cá não veio por fraca e mesquinha,
E merece por suas façanhas
Inda mesmo entre vós ser rainha.
 
                    IV

Do batuque infernal, que não finda,
Turbilhona o fatal rodopio;
Mais veloz, mais veloz, mais ainda
Ferve a dança como um corrupio.

Mas eis que no mais quente da festa
Um rebenque estalando se ouviu,
Galopando através da floresta
Magro espectro sinistro surgiu

Hediondo esqueleto aos arrancos
Chocalhava nas abas da sela;
Era a Morte, que vinha de tranco
Amontada numa égua amarela.

O terrível rebenque zunindo
A nojenta canalha enxotava;
E à esquerda e à direita zurzindo
Com voz rouca desta arte bradava:

“Fora, fora! esqueletos poentos,
Lobisomes, e bruxas mirradas!
Para a cova esses ossos nojentos!
Para o inferno essas almas danadas!”

Um estouro rebenta nas selvas,
Que recendem com cheiro de enxofre;
E na terra por baixo das relvas
Toda a súcia sumiu-se de chofre.
 
                    V

E aos primeiros albores do dia
Nem ao menos se viam vestígios
Da nefanda, asquerosa folia,
Dessa noite de horrendos prodígios.

E nos ramos saltavam as aves
Gorjeando canoros queixumes,
E brincavam as auras suaves
Entre as flores colhendo perfumes.

E na sombra daquele arvoredo,
Que inda há pouco viu tantos horrores,
Passeando sozinha e sem medo
Linda virgem cismava de amores.